A edição do Público de hoje tem uma notícia de capa chamando a atenção para o facto de que, «num ano», houve «mais de 500 pessoas» que «mudaram de género e nome no Cartão do Cidadão». No interior, a notícia ainda é mais desenvolvida, acrescentando-se uma estatística, a de que «nos últimos 12 anos, houve 2.312 pedidos». Sinceramente, não me parece muito: corresponde a uma média inferior a 200 pedidos por ano. Tenho dificuldade em perceber a relevância da notícia. Escolhendo uma daquelas estatísticas que costumam aparecer intermitentemente, mas de assunto com muito mais seriedade, o da sinistralidade rodoviária, nesses mesmos últimos 12 anos morreram 7.304 pessoas em acidentes de viação nas estradas de Portugal e 24.661 ficaram feridas com gravidade. Ou seja, estamos em presença do triplo (quanto à media anual do número de mortos - 600) e do décuplo (quanto à do número de feridos graves - 2000) do número médio de «mudanças (anuais) de género e de nome no registo civil». Pela sua seriedade, pelas suas consequências, creio que um assunto se sobreporá indiscutivelmente ao outro. E este é apenas um exemplo de um assunto que todos reconheceremos ser mais sério e que não vemos ser coberto com tanta insistência mediática quanto o da «identidade de género». O martelar tão excessivo num tema que terá caído em moda e que será tão periférico, talvez se revele contraproducente, diria eu...
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