9 de Junho de 1973. Pela primeira vez em 34 anos de regime, o franquismo passa a conhecer a nova figura de chefe de governo, que fora até aí desempenhada pelo próprio generalíssimo Franco. A nova figura é protagonizada pelo almirante Carrero Blanco, uma eminência parda (e algo enigmática) do regime. As consequências para a evolução do franquismo apenas se podiam especular, embora o jornal português que dá a notícia se pusesse desde logo, em título, com antecipações tão simplistas quanto primárias. As inflexões para a esquerda ou «mais para a direita» fazem pouco sentido numa ditadura. Os «observadores políticos» e «a opinião política geral em Madrid» a que o jornal recorrera, falhavam completamente na sua análise. As mudanças do elenco governamental têm mais sentido se interpretadas numa perspectiva da redistribuição do poder entre as várias facções que o compõem. Neste caso concreto, fora sempre notório desde a década de 1960 como Carrero Blanco se apoiara nos quadros pertencentes à Opus Dei, e isso seria de esperar que se reflectisse na composição do governo. A facção Opus Dei (que em Espanha funcionava como uma espécie de maçonaria católica), era distinta das outras correntes políticas históricas que haviam sustentado o franquismo desde o início do regime.
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