01 novembro 2021

PAULO PORTAS, UM VERDADEIRO MARXISTA (DOS MARXISTAS FACÇÃO GROUCHO DO SÉCULO XXI)

«Portas defende eleições "tão cedo quanto possível" e apela a campanha realista.» Por esta vez, parece que temos Paulo Portas a concordar com Rui Rio («Rui Rio quer eleições em Janeiro o mais “rápido possível” após Natal») e com Ana Catarina Mendes («PS quer eleições "o mais rapidamente possível"»). E diz mais: «só dessa forma será possível contrariar "a má opinião" que os portugueses têm da política e dos políticos», «sublinha» Portas em comentários à Lusa. Só que isto era, afinal, a opinião de Portas, mas em 25 de Março de 2011. Ontem, quem o ouviu no seu programa dominical na TVI, ter-se-á apercebido que já não pensa bem assim... Agora prefere duas a três semanas depois da data mais referida de 16 de Janeiro. Lá se foi o "tão cedo quanto possível"... O que é pena, porque isso sim, a coerência das posições de princípio é que contrariaria «"a má opinião" que os portugueses têm da política e dos políticos». Políticos como Portas que, por muito bem falantes e articulados que se exibam na tv, tinham uns princípios evidentes e eloquentes em 2011 e que, mudando as circunstâncias, passam a ter outros princípios em 2021.
Tendo mudado de opinião, Paulo Portas assume-se, mesmo na reserva, como um dos grandes "marxistas-grouchistas" da nossa política portuguesa: daqueles que tem uns princípios e depois, quando não lhe convém, passa a ter outros. Mas o "marxismo" de Paulo Portas também é evidente na aplicação prática daquela outra máxima atribuída a Groucho: «Você vai acreditar em mim ou em seus próprios olhos?» Ouvimo-lo ontem, na mesma homília, recordar (acima) «que só três antigos presidentes não saíram do CDS - Adriano Moreira, Assunção Cristas e ele próprio.» Acreditamos nele ou nos nossos próprios olhos? Vejamos: dois dos antigos presidentes do CDS já morreram: Freitas do Amaral e Lucas Pires. Esses não estão dentro nem fora. Não estão. Depois há a semi-verdade: Manuel Monteiro. Monteiro saiu do CDS mas regressou em Maio de 2020. E depois há a mentira descarada: Ribeiro e Castro não saiu do partido. Em suma: quantos são os antigos presidentes do CDS vivos que se encontram desfiliados do partido? ZERO. Porquê aquela aldrabice de Portas em sugerir - sem afirmar - que a tendência dos antigos presidentes do CDS é abandonar o partido que dirigiram, quando hoje não há ninguém nessa situação?... Haja quem acredite nestes novos Grouchos Marx, com a diferença que, sendo uns aldrabões ridículos, os assuntos aqui não são comédias.

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