20 novembro 2021

A CHEGADA À MADEIRA DO EX-IMPERADOR CARLOS DE HABSBURGO

20 de Novembro de 1921. Chegada ao Funchal de Carlos e Zita, que haviam sido os últimos imperadores do Império Austro-Húngaro de 1916 a 1918. Depois do fim da Grande Guerra em Novembro de 1918 e da dissolução do Império, o antigo monarca ainda realizara duas tentativas (em Março e Outubro de 1921) de se reentronizar como Carlos IV, rei da Hungria (este país permanecera uma monarquia, embora desprovida de monarca). Considerado incorrigível e perigoso para o status quo que se formara na Europa Central em consequência dos vários acordos firmados depois do fim da Grande Guerra, as potências - reencenando vagamente aquilo que acontecera mais de cem anos antes com Napoleão - decidiram também exilar este antigo imperador. Só que foram mais benignos desta vez e, em vez de uma longínqua ilha de Santa Helena no Atlântico Sul, contentaram-se em destiná-los, Carlos e a esposa Zita que o acompanhava, à nossa aprazível ilha da Madeira no Atlântico Norte. Faço notar que, apesar do protagonismo assumido, ainda que involuntariamente, por Portugal na questão do exílio do imperador, a cobertura noticiosa dos jornais nacionais é escassa. Tudo o que se pode ler nas edições de uma semana do Diário de Lisboa é a pequena nota que acima se insere, oriunda de Gibraltar, por onde passara o navio que transportava os monarcas. Refira-se aliás, coisa que a notícia não faz, que o navio que os transporta, o HMS Cardiff é um austero cruzador da Royal Navy. Aliás, é a sua imagem que abre o filme que abaixo insiro, cobrindo a chegada e algumas cerimónias protocolares com a chegada dos monarcas à Madeira, há precisamente cem anos. Percebe-se que, apesar de não noticiado cá pelo continente, aquilo foi um acontecimento memorável no Funchal. Carlos haveria de morrer com uma pneumonia no seu exílio madeirense apenas quatro meses depois, aos 34 anos.

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