Com uma chamada de primeira página (acima, à esquerda), o Diário de Lisboa de 18 de Novembro de 1981 dava uma notoriedade desmesurada à anunciada intenção soviética de reduzir os seus gastos com a defesa. Esmiuçando o conteúdo da notícia nas páginas centrais, descobria-se que a anunciada redução era apenas uma redução relativa. Gastar-se-ia o mesmo do que no ano anterior, só que, como a economia soviética iria crescer, o argumento era que se gastaria proporcionalmente menos com a defesa. Porém, e pondo a propaganda de parte, como a economia soviética vivia então os anos da (hoje conhecida como) estagnação brejneviana, as projecções de crescimento optimistas que eram anunciadas pelos responsáveis políticos raramente se concretizavam. Conclusão: uma aposta razoável era de que tudo iria ficar na mesma. Era a aposta segura naqueles anos em que o país era dirigido por uma gerontocracia.
tudo iria ficar na mesma. Era a aposta segura naqueles anos em que o país era dirigido por uma gerontocracia
ResponderEliminarExatamente, muito bem escrito.
Em Portugal atualmente passa-se a mesma coisa: o país é dirigido de forma gerontocrática e, por isso, estagna, isto é, está sempre na mesma.
Registe, Lavoura, que o momento é histórico: estou tentado a concordar consigo!!!!!!!!!!!!!!!!
EliminarNão por causa do seu comentário sobre a gerontocracia: em Portugal os dirigentes AINDA não morrem sucessivamente no cargo, como aconteceu com Brejnev, Andropov e Tchernenko.
Mas admito que a economia portuguesa das últimas décadas parece padecer de uma estagnação que se assemelha muito à estagnação brejneviana.
Há quem evite o assunto, há quem o mencione, embora, entre estes últimos, não tenho visto quem adiante medidas que me pareçam substantivas e exequíveis para o resolver.
em Portugal os dirigentes AINDA não morrem sucessivamente no cargo
EliminarÉ verdade, não estamos tão mal como a ex-URSS.
Mas Portugal é uma gerontocracia. A começar pela vida social, onde todo o poder está sempre nas mãos dos mais velhos e mais antigos nas instituições; todas as instituições funcionam na base na antiguidade e nas "carreiras", e não na base do mérito e do trabalho útil. Um jovem, por mais que trabalhe, ganha sempre pouco e tem sempre pouco poder, enquanto que um velho, por menos que trabalhe, tem sempre o poder e um salário maior.