«Tenho dificuldade, porém, em perceber a opção dos militantes. Aliás, não consigo compreender ou explicar.»
A frase inicial recolhia-a de uma página social de um militante do PSD, que é, acessoriamente, um «digital influencer» involuntário. E que, pelo que acima confessa, permanece perplexo pela escolha feita pelos militantes do seu partido no passado Sábado. Não me ofereço para lhe explicar, porque não sei se o conseguiria, ou até se ele estaria deveras interessado nessa tentativa de explicação, mas confesso que, ao contrário dele, eu gostei do resultado e da vitória de Rui Rio. E o desfecho da eleição não me intriga nem me inquieta. Como aconteceria se fosse o inverso, embora aí não me dispusesse a votar proximamente no partido. Mas permitam-me pôr esse problema de desfechos eleitorais imprevisíveis na perspectiva devida, comparando-o com dois outros casos que, esses sim, me inquietaram mais recentemente:
a) aqui, no caso do PSD, tratou-se de uma mera questão de (quase) 19.000 versus um pouco mais de 17.000 votos e eu até perceberia que a retórica pomposa de Paulo Rangel pudesse arrebatar mais votos;
b) muito mais incompreensível para mim (e muito mais significativo) foi o desfecho do referendo do Brexit em Junho de 2016, quando 17 milhões de britânicos preferiram sair da União Europeia em relação a 16 milhões que teriam preferido ficar. Ao fim e ao cabo tratava-se de uma questão de vantagens económicas de que os britânicos prescindiram;
c) mas o suprasumo da minha incapacidade de entender eleitores vai direitinho para os 63 milhões de americanos que optaram por Donald Trump de Novembro de 2016, que, ainda por cima, cresceram para 74 milhões em Novembro do ano passado. Para mim, votar num cretino chapado como Donald Trump é do domínio do surrealismo. Aí sim, «tenho dificuldade em perceber a opinião de milhões de americanos».
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