23 de Novembro de 1941. A Segunda Guerra Mundial travava-se em inúmeras frentes e uma delas era a página 2 do Diário de Lisboa onde a publicidade às emissões de rádio de onda curta de Berlim ombreavam com as de Londres. Repare-se nalgum contraste entre ambas, a alemã parecia ser mais extensa, o anúncio até era maior, a britânica combatia-a com a veracidade dos conteúdos («...e o mundo acredita»). Indispensável para participar neste combate era possuir um aparelho como o que se exibe abaixo. Aquele visor do canto superior direito está repleto de designações de cidades europeias que, na minha infância e em casa dos meus avós, onde havia uma coisa destas que se iluminava e funcionava, sempre me deixaram intrigado, porque na década de 60 as cidades já haviam desaparecido e aquelas denominações acabam por não significar nada.
Boa Tarde,
ResponderEliminarFez-me regressar à infância.
Os meus pais tinham um SIERA, enorme e a válvulas,que abria uma luz verde indicando a sintonização, e queo meu pai usava para ouvir a BBC e Radio Portugal Livre de Argel, com um copo de água em cima, que segundo a lenda urbana evitava que a PIDE soubesse quem ouvia aquelas estações.
Os nomes das cidades, para mim que tinha dez ou onze anos, eram mais mágicos que os das cidades do Senhor dos Anéis -- Zagreb, Istambul, Trieste. Esse rádio, que ainda existe e funciona em casa do meu irmão, é um dos objectos que me marcaram.
Obrigado por me ter feito lembrar dele.
JMM
Boas tardes. Não creio que haja nada por que agradecer. Serão memórias compartilhadas por muitos da nossa idade que ainda recordarão aqueles enormes rádios de válvulas, simplesmente descartados por causa da chegada conjunta dos transistores portáteis e da televisão.
EliminarO mistério ali era o de saber se, algum dia no passado, todas aquelas cidades tinham tido uma existência em som, e não apenas no ecrã da sintonização.