Em Setembro de 1912 - há 104 anos - as ambições da Bulgária, Grécia, Montenegro e Sérvia haviam-se concertado para a formação de uma aliança ofensiva para conquistar o resto dos territórios europeus do império Otomano. No meio dos acordos das chancelarias balcânicas, tudo havia sido feito para contornar as divergências entre os parceiros, nomeadamente o facto de que havia regiões a conquistar que eram cobiçadas por dois e mesmos três parceiros em simultâneo: era o caso da Macedónia, cobiçada por búlgaros, gregos e sérvios. Ainda não cheguei à eclosão da Primeira Guerra Balcânica propriamente dita, que começou a 8 de Outubro, mas o episódio que possui umas estranhas ressonâncias modernas é a tentativa concertada de última hora das capitais das «potências», Paris, São Petersburgo e Viena, em tentar refrear os seus aliados. Que, como a continuação da história demonstraria, se estiveram marimbando para essas tentativas. Em tempos de paz e mesmo se o assunto for a guerra, a influência das ditas potências é muito mais consentida pelos destinatários do que imposta. Foi a propósito disso que eu me lembrei da analogia com as fotografias exibindo Merkel, Hollande e Renzi juntos. Depois da saída do Reino Unido da União Europeia, continuará a existir o directório dos países maiores, mas estas operações de relações públicas já não conseguem esconder que, por exemplo na matéria sensível dos refugiados, a capacidade de influência de Berlim ou Paris sobre polacos ou húngaros é nula. Como a antiga ordem internacional que se desmoronou em 1914, também a que vigorou até agora na União Europeia parece preparar-se para se desagregar.
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