«...Passos não só já foi primeiro-ministro como ganhou as legislativas»*.
Há epítetos trabalhados para se perpetuarem. Assim como George Simenon escreveu O Homem Que Via Passar os Comboios, há agora um colectivo de autores que se afadiga a perpetuar O Homem Que Ganhou as Eleições. Para eles e para os seus leitores, não há argumentos políticos que valham, nem analogias históricas que vinguem, nem perguntas pertinentes que sejam respondidas: na sequência dessa vitória, e por causa dessa vitória, Passos Coelho não chegou a formar um governo?...
As eleições de Passos Coelho assumem-se tão acessórias para o enredo, assim como o serão os comboios de Kees Popinga. Mas, num caso e noutro, são títulos bem apelativos.
* A autora do trecho é a mesma pessoa que crítica, e a meu ver com propriedade, a prática do PCP de continuar a classificar profissionalmente Jerónimo de Sousa como metalúrgico. Parece-me o exemplo acabado de que a lucidez pode só funcionar num dos hemisférios do cérebro.
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