Independentemente de quem venha a ser eleito o(a) próximo(a) secretário(a)-geral da ONU, algo resulta transparente das vicissitudes a que a opinião pública tem vindo a assistir enquanto acompanha o processo de eleição do próximo titular do cargo: foi a primeira vez e vai ser a última que o processo de selecção decorrerá com toda esta transparência... As diplomacias das grandes potências até estão disponíveis para serem combatidas pelas intrigas das suas homólogas, como é tradicional, mas não para serem avaliadas nos seus esquemas pelas opiniões públicas desses outros países. Transparência sim, mas ficar assim a saber-se que Juncker está a ajudar Merkel a sacanear a candidatura de Guterres é capaz de poder vir a ser incómodo para ele...
Por outro lado, é engraçado como aquilo que parece representar o maior obstáculo às pretensões de António Guterres são as pretensões russas de vincar a subsistência de uma região geográfica oficiosa específica na organização política da ONU, conhecida por Grupo da Europa Oriental. A sua existência, quando foi imposta por Staline em 1945 fazia todo o sentido quando do nascimento da ONU, por causa da divisão da Europa. Hoje não passa de um fóssil geoestratégico: Polónia, Roménia, Hungria, etc., fazem todos parte da NATO. Mas, talvez por isso mesmo, para Putin e por causa dos critérios informais de rotação dos cargos na ONU, é fundamental que o próximo secretário-geral da organização seja originário da região. O fantasma de Staline assombra Guterres.
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