Há cerca de uns quinze dias, a The Economist publicava um artigo questionando se Donald Trump conseguiria vencer no estado do Texas nas próximas eleições presidenciais (Can Donald Trump turn Texas blue?). Conforme ali se pode ler, isso poderá vir a acontecer, não por mérito de Hillary Clinton, mas por demérito do próprio Trump, que tem vindo a irritar sobremaneira a apreciável percentagem de eleitorado hispânico daquele estado (até mesmo os de simpatia republicana) com os seus discursos xenófobos complementados com a folclórica história da construção do muro - ⅔ do qual, a existir, será erigido no próprio Texas. Tanto radicalismo xenófobo arrisca-se a ser contraproducente em estados onde Trump precisará de contar com o voto dos hispânicos conservadores - que também os há, recorde-se que o seu candidato rival Ted Cruz era um deles. E quem conheça minimamente a geografia eleitoral dos Estados Unidos, sabe que a possibilidade da derrota de um candidato republicano no Texas seria a hecatombe das suas aspirações presidenciais: representando 38 votos eleitorais num colégio de 538 - o terceiro maior estado dos cinquenta - seria virtualmente impossível a Trump ir recuperar em outros estados menores o mesmo número de votos eleitorais que acabara de perder no Texas. Na realidade, as sondagens parecem mostrar que Trump goza no estado de uma vantagem confortável. O conteúdo da história só parece remotamente possível.
Mas, de uma notícia em que anuncia que um dos candidatos está em perigo de perder uma das pernas de um tripé, a The Economist é capaz de saltar em quinze dias para uma outra antagónica, em que é a outra candidata que se parece apresentar em posição muito frágil (If Clinton cannot hold on in Colorado, expect Trump to be the next president). Se Hillary Clinton não conseguir vencer no estado do Colorado (9 votos eleitorais), escreve-se, corre o risco de perder as eleições presidenciais para Donald Trump. As explicações neste caso são mais entarameladas, menos sociológicas: diz-se que há uma sondagem recente naquele estado que dá os dois candidatos como empatados (na verdade, houve cinco sondagens este mês, nas outras quatro, Clinton é dada como vencedora em três e Trump em uma). O facto parece tornar-se uma ameaça à hegemonia democrata e é tudo uma questão de saber frasear. Como se pode ler mais adiante no texto: «...dão agora a Mrs. Clinton apenas 65% de chances de vitória.» (65% representa cerca de ⅔...). Mas o que é importante é desenvolver a partir daí o cenário (a ameaça?) de ver Donald Trump na Casa Branca (abaixo). Isso é muito mais interessante que a perspectiva da humilhação de Trump num santuário republicano, Trump presidente tem impacto, isso é que vende jornais, isso é que faz captar as audiências. Até uma revista que se pretende respeitável tem que se subjugar. Quem falou em análises políticas objectivas?...
Mas, de uma notícia em que anuncia que um dos candidatos está em perigo de perder uma das pernas de um tripé, a The Economist é capaz de saltar em quinze dias para uma outra antagónica, em que é a outra candidata que se parece apresentar em posição muito frágil (If Clinton cannot hold on in Colorado, expect Trump to be the next president). Se Hillary Clinton não conseguir vencer no estado do Colorado (9 votos eleitorais), escreve-se, corre o risco de perder as eleições presidenciais para Donald Trump. As explicações neste caso são mais entarameladas, menos sociológicas: diz-se que há uma sondagem recente naquele estado que dá os dois candidatos como empatados (na verdade, houve cinco sondagens este mês, nas outras quatro, Clinton é dada como vencedora em três e Trump em uma). O facto parece tornar-se uma ameaça à hegemonia democrata e é tudo uma questão de saber frasear. Como se pode ler mais adiante no texto: «...dão agora a Mrs. Clinton apenas 65% de chances de vitória.» (65% representa cerca de ⅔...). Mas o que é importante é desenvolver a partir daí o cenário (a ameaça?) de ver Donald Trump na Casa Branca (abaixo). Isso é muito mais interessante que a perspectiva da humilhação de Trump num santuário republicano, Trump presidente tem impacto, isso é que vende jornais, isso é que faz captar as audiências. Até uma revista que se pretende respeitável tem que se subjugar. Quem falou em análises políticas objectivas?...
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