17 setembro 2016

A REDE FERROVIÁRIA NACIONAL

O mapa acima já circula há um ano pela internet, evidenciando o desaparecimento da rede ferroviária nacional. A escolha da data de 1974 para referência não me parece fortuita, nem inocente, nem sequer justificável. De facto, se bem me lembro, a maioria das decisões para os encerramentos dos ramais e trechos entretanto desaparecidos tiveram lugar bastantes anos depois do 25 de Abril (1987-92) e não me recordo que a fundamentação económica para os encerrar tenha sido rebatida directamente à época. Nem depois. Claro que isso pouco importará à esmagadora maioria dos que publicaram e comentaram os mapas acima, no que será pretexto para alguns arroubos de nostalgia.
Há porém pessoas de quem se espera um pouco mais. Ficar-se pela ausência de opinião sobre se a rede ferroviária de 1974 seria sustentável ou não e pela constatação que a comparação entre os dois (primeiros) mapas é impressionante pode afigurar-se-me como um desperdício de cosmopolitismo da parte de quem teve uma carreira enriquecida (e enriquecedora) pela possibilidade da aprendizagem com as realidades existentes noutros países. É que o mesmo mapa do Reino Unido - só que nuns escassos 21 anos (1963-1984) - mostra-nos a mesma imagem impressionante (acima). E mais impressionante será a contracção da rede ferroviária francesa nos últimos 90 anos (abaixo).
Eu bem sei que os nossos embaixadores em Paris não serão acreditados para saberem detalhes sobre redes ferroviárias dos países em que estão colocados, mas há uma grande responsabilidade que lhes assenta em cima dos ombros: se não contarmos com a sua experiência e visão para analisar episódios como este com a relatividade que merece, com quem é que poderemos contar então para podermos perder estes nossos tradicionais complexos derrotistas que estas coisas da desactivação da rede ferroviária nacional só acontecem no nosso país?!

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