29 setembro 2016

«CRÉDITO GERMÂNICO»

O estabelecimento chama-se Crédito Latino porque nos tempos de Asterix os bancos eram romanos. Como explica o estalajadeiro: «é lá que eles guardam o dinheiro». Os romanos do império, como os germanos da moderna união europeia, é que tinham e têm a reputação de ter dinheiro. Os seus bancos é que guarda(va)m dinheiro, muito, enquanto os bancos italianos, gregos ou portugueses não passam de edificações frágeis prestes a colapsar. Como o pão dos pobres, que cai sempre com o lado da manteiga para baixo, também os bancos das terras dos pobres é que ficavam com as imparidades. Quis o argumento de Goscinny que Astérix, desesperado por saldar uma dívida, precisasse de assaltar uma dessas instituições de fachada sólida.
No nosso século o argumento foi ligeiramente diferente: houve uma entidade reguladora norte-americana que aplicou uma severíssima multa ao Crédito Germânico (Deutsche Bank) e isso terá sido o detonador de um acontecimento que muito se assemelhará ao que decorre na página abaixo: a constatação de que os imponentes cofres-fortes do banco, afinal, estão vazios... E confesso que, se no caso de Astérix, se percebe muito bem que se deve atribuir o sucesso da dissimulação à ingenuidade do herói quanto a assuntos financeiros, no nosso caso, tenho dúvidas que parcela se deva atribuir à hipocrisia do lado alemão e que parcela atribuir a um intrínseco complexo nosso de inferioridade que nos é inculcado quando se trata destes assuntos...

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