O apanhado dos artigos dos últimos cinco anos publicados pelo Público a respeito da Taxa Tobin mostra quanto o assunto tem aquela mesma institucionalidade de quando se criou a expressão obras de Santa Engrácia (a cronologia das notícias é para se ler de baixo para cima). A Taxa Tobin é um problema político aborrecido para quem se lhe opõe - o sector financeiro - porque se torna muito impopular rebatê-la frontalmente: a taxa tem sido apresentada como se se tratasse de um imposto sobre o jogo (o que não é assim tão descabido...). Assim, o que tem sido feito por aqueles é sabotar por todas as formas possíveis a sua implementação, enquanto, por outro lado, se anuncia que essa implementação está mesmo a chegar. O segredo, para retomar a metáfora supra, parece consistir em continuar a falar de Santa Engrácia (as necessidades de receitas fiscais para cobrir os défices orçamentais) mas escondendo da agenda mediática do quanto a Santa precisa de obras: há mais de dois anos que, naquele jornal, não há qualquer referência adicional ao assunto Tobin; quando é que os países europeus se decidem implementar a tal taxa? É que parece haver um acordo para continuar a não haver acordo... de implementação. Quanto aos especialistas económicos da nossa praça - casos exemplares de Helena Garrido ou de José Gomes Ferreira - esses parecem ter outras prioridades em temas fiscais, verifique-se o zelo que eles dedicaram recentemente a rebater a proposta bloquista de um imposto adicional sobre o património para os mais ricos. Por outro lado, as reacções publicadas a esta dilação de anos em implementar um novo imposto que sempre se afigurou justo e incontroverso, não se comparam à verdadeira comoção social generalizada que suscitou mais recentemente a publicação do último livro do jornalista José António Saraiva...
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