VOCÊ AINDA SE LEMBRA DO GARDOL DO COLGATE?

Para os que ainda se lembram de como eram os anúncios antigos da pasta Colgate, vale a pena realçar a importância conferida nos anúncios ao gardol, fosse lá o que fosse o gardol. Inexplicado em que é que consistia, inexplicada foi também a sua desaparição da publicidade da pasta dentífrica depois de décadas de promoção das suas propriedades. Foi pena. O desaparecimento, sem qualquer ulterior explicação, terá sido um desapontamento para quem acreditou durante todos aqueles anos que o gardol era o princípio activo que, tal qual o descreve Henrique Mendes no anúncio abaixo, o protegia contra a cárie dentária e o mau hálito. O que faria toda uma diferença para quem a preferia, à Colgate, a uma Pepsodent, uma Binaca, ou uma Medicinal Couto, que andava na boca de toda a gente...

Durante estes últimos anos, o controlo da despesa do Estado e o rigor das finanças públicas foi assim uma espécie de gardol da governação do PSD e do CDS: era o que a pasta dentífrica deles tinha e as dos outros não. Depois de Sócrates, nem mesmo a concorrência contestava. Mas constata-se afinal e em poucos meses que a carreira dos marqueteiros se pode vir a revelar mais coerente e consistente que o trajecto cogitativo dos intelectuais que escrevem para o Observador. Quando a questão política não se propicia, caso dos contratos de associação dos estabelecimentos de ensino privados, a intelectualidade, num ápice, manda o gardol dos predicados da defesa da disciplina financeira às urtigas para clamar por outros princípios que vêem mais a calhar à argumentação de circunstância. Reduzir a despesa do Estado não é para se realizar a todo o custo. Os custos do erário público subordinam-se afinal à defesa contra os ataques à liberdade de ensino. E nós ficamos a pensar: que ganda aldrabice, a do gardol...