04 maio 2016

PORTO RICO NA BANCARROTA E A «RACIONALIDADE ECONÓMICA»

Porto Rico é um Estado Livre Associado aos Estados Unidos. Não faz parte dos Estados Unidos (não é o 51º estado, embora a ideia tenha os seus adeptos) mas também não é uma colónia dos Estados Unidos. É uma daquelas entidades que só existe por depender de uma potência - se não fosse por isso já a sanha das descolonizações teria obrigado a que a ilha se tivesse tornado independente. Mas é por causa de viver nesse limbo jurídico que uma hipotética bancarrota do Estado de Porto Rico seria um caso superiormente interessante. Os Estados Unidos intervirão ou não, e se sim, como, para resgatar financeiramente Porto Rico? Isso seria interessante, claro, se prevalecesse a racionalidade económica sobre a ideologia, tal como Teodora Cardoso nos anda a tentar convencer. Todavia, se assim fosse, as notícias, como as que anunciam o default porto-riquenho de 422 milhões de dólares de anteontem, e que aparece noticiado em quase toda a imprensa relevante norte-americana (NYTimes, Washington Post, Wall Street Journal, Financial Times), teriam tido o correspondente eco na imprensa do lado de cá do Atlântico mormente aqui neste jardinzinho à beira mar plantado. Como se pergunta em qualquer dos artigos linkados, será que o Congresso norte-americano irá fazer alguma coisa para resolver o problema do endividamento de uma economia de 3,6 milhões de habitantes que atingiu os 60 mil milhões de euros? É um tópico a que a racionalidade económica local e europeia deveria prestar cuidada atenção, considerada a analogia da situação porto-riquenha com a da Grécia e também a de Portugal. Mas não. A BBC britânica ou o El País espanhol comentam o assunto mas, googlada a imprensa em português, a económica como o Jornal de Negócios e o Diário Económico, ou a que se preocupa com um certo género (mas apenas com esse certo género) de problemas económicos, casos do Observador ou do jornal i, e comprova-se que nem uma menção por lá aparece relacionada com o tema Porto Rico (abaixo). Experimente-se fazer o mesmo exercício com a palavra Bruxelas: jornal i, Observador, Negócios, Económico e perceber-se-á de imediato, pelo contraste, o que se deve entender por racionalidade económica...

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