17 maio 2016

GRÁFICOS - 2

Os gráficos da The Economist também costumam ser manipulados, mas são-no com categoria. Se o leitor não se importar de regressar ao poste anterior, poder-se-á perguntar que critério se escolheu para a selecção dos 16 países incluídos no gráfico. O porquê da ausência dos dados sobre os professores da Alemanha, mas também a razão para a omissão dos países da Europa de Leste e os de economias emergentes como o Brasil, o México ou a Turquia. No mínimo, o aspecto do gráfico alterar-se-ia e talvez os professores portugueses já não se contassem entre os proporcionalmente mais mal pagos. Mas a escala dos valores dos eixos das abcissas e das ordenadas é rigorosa.
Os gráficos da RTP, que recentemente tanta celeuma têm provocado, é que nem isso. Acima, as barras que representam os 3,4%, 1,0%, 1,6% ou 1,3% do estrangeiro têm todas a mesma dimensão, aquilo que vale a pena destacar é mesmo, e só, os anémicos 0,8% do crescimento português. Assim nem dá luta, deduzem-se facilmente as explicações do João Adelino Faria, é um gato escondido com rabo de fora. Também José Rodrigues dos Santos nem precisa explicar um gráfico em que os seis anos de Sócrates (de 2005 a 2011) têm uma dimensão dupla de quase o mesmo período precedente e sequente (custou a passar, foi?). E o eixo das ordenadas (abaixo) está obviamente distorcido.
O problema aqui é que, ao contrário do que é a tradição, em que é costume os jornalistas acusarem os políticos de incompetência, são agora os políticos a acusarem os jornalistas de incompetência e, azar o deles, aqui até me parece que têm razão... Por muito que os jornalistas se queixem que os objectivos dos políticos sejam políticos. A novidade é que com tal incompetência os políticos conseguem convencer mais facilmente a opinião pública que os objectivos dos jornalistas são tão políticos quanto os deles. Uma merda, portanto, em que já não se sabe muito bem quem é quem e quem faz o quê. Não é verdade que, para prolongar a sua carreira política, Paulo Portas se foi inscrever na TVI?

2 comentários:

  1. São os "chamados" telegráficos...

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  2. Bem observado.
    E olhando para o exemplo espanhol, o que favorece o crescimento económico é um belo pântano político.

    da Maia

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