17 maio 2016

GRÁFICOS - 1

Eu sei que os artigos da The Economist costumam ter sempre uma agenda. A vantagem para a sua credibilidade é que a agenda não é doméstica. É por isso que, quando num gráfico da revista aparece qualquer referência ao nosso país eu tendo a avaliá-la com merecida atenção. Neste quadro acima, onde os professores portugueses são avaliados em remuneração relativa e em carga de trabalho horário com os de outros 15 países da OCDE, percebe-se que lhes assistem razões de queixa: são dos que trabalham mais horas (abcissas) e também dos que ganham comparativamente pior (ordenadas) do que os seus homólogos. Em simpatia para com as suas reivindicações, vale pelas intervenções televisivas dos próximos doze meses de Mário Nogueira - que, por sinal, tem andado muito calado...

4 comentários:

  1. António Matafrades17 maio, 2016 12:16

    Bom, mas também seria necessário avaliar a qualidade do trabalho produzido. E à luz dos conhecimentos, capacidade de expressão e entendimento de grande parte dos que saem das nossas escolas...

    Cumprimentos,

    António

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Porém, para o que interessará do gráfico, essa qualidade do trabalho produzido tem de ser avaliada relativamente. E este fluxo mais recente de emigração qualificada para muitos dos países referidos no quadro evidencia que a preparação do secundário em Portugal não parece ser assim tão inferior à ministrada nesses países...

      Ou será que estou a pensar mal? E que para se ser enfermeiro, digamos no Reino Unido ou na Suíça, a formação do secundário é irrelevante?

      Eliminar
    2. António Matafrades18 maio, 2016 15:23

      Não, não está a pensar mal, e confesso que não tenho um conhecimento mais do que "impressionista" da situação. Mas, por exemplo, no que toca ao caso dos enfermeiros estrangeiros no Reino Unido (onde 34% do personal de enfermagem e 10% do médico provêm de fora do país), não sei se a procura não terá mais a ver com legislação passada para acorrer à carência de profissionais nacionais do que outra coisa (http://www.healthworkers4all.eu/fileadmin/docs/gb/Case_StudiesUK-COP.pdf).

      Por outro lado, compaginando isto com os dados do nosso próprio país (http://www.bradramo.pt/wp-content/uploads/2015/09/Confere%CC%82nciaPorto18Setembro_RuiGomes.pdf), que nos indicam que praticamente 67.8% dos nossos emigrantes qualificados (com licenciatura ou grau superior) têm mais de 29 anos de idade, não sei se não será caso de dizer que obtêm as suas posições *apesar* dos nossos professores, e não graças a eles.

      Por favor, não entenda isto como um qualquer preconceito generalizado contra os professores portugueses, que estou certo existem em grande número. Mas o *facilitismo* inscrito desde meados dos anos 90 para cá no sistema de ensino não ajudam minimamente a fazer sobressair a sua (eventual) qualidade.

      Cumprimentos,

      António

      Eliminar
    3. A haver preconceito, e não estou a dizer que o haja, pode nem ser especificamente contra os professores, mas talvez uma atitude constante de subalternização quando de comparações com o exterior.

      Há sempre a expectativa de alcançar resultados optimos mas quando se chega a estes processos de comparação com o exterior comparam-se realidades: e aí é que a nossa atitude portuguesa diverge do padrão em que se enaltece o que se tem - por cá critica-se o que há.

      Por algum motivo um bom cabeçalho de imprensa tem de dizer que Portugal está na cauda da Europa e não nos primeiros lugares. Por algum motivo os jornalistas estão convencidos que uma mensagem negativa desperta mais a atenção dos leitores do que uma positiva. E o pior não é a atitude, é que aquilo que está escrito é na esmagadora maioria das vez, mentira: tipicamente, uma "cauda da Europa" esquece-se de mencionar uma Polónia, uma Hungria, uma Roménia, uma Bulgária, etc. São "caudas" de um bicho com uma geografia muito irregular...

      Eliminar