A aventura de Asterix na Córsega termina com a posição intransigente dos corsos quanto à aceitação da supremacia de Roma e de Júlio César: ...para que os corsos aceitem um imperador, terá que ser um imperador corso, numa alusão óbvia à futura ascensão de Napoleão. A atitude faz-me lembrar, na inflexibilidade mas também pelo ridículo, a posição britânica sobre a União Europeia, de quem se diz que só entraram para a organização em 1973 para a sabotar e que só permanecem nela porque, com a proverbial teimosia britânica, nunca perderam a esperança de a controlar a partir de dentro. Por isso, quem imaginou o cartaz abaixo, com Tony Blair como hipotético candidato ao cargo de futuro presidente da União é senhor de uma ironia tão fina quanto a de Goscinny. Tudo isto a propósito de se constatar que já se estava à espera que David Cameron saísse das reuniões de Bruxelas brandindo um acordo que classificaria de um grande triunfo, fosse qual fosse o desfecho das negociações, mas só pelo facto de todos terem que aceitar o resultado de um referendo de desfecho imprevisível mostra que, mesmo substituindo Blair por Merkel, por Juncker, por Hollande, por Draghi, ou por quem mais se queira evocar, não há Visão, não há Europa, não há Líder. Também nisto (para além das dívidas soberanas dos PIGS), parece andar tudo por Bruxelas a navegar à vista...
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