Mais de 48 horas depois do encerramento das urnas das eleições legislativas irlandesas ainda não há resultados completos sobre a composição do futuro parlamento. Ainda restam 10 lugares (7% do Dáil) por preencher por causa da complexidade do sistema adoptado, o voto único transferível. É um sistema que consegue combinar as vantagens da representação proporcional e da votação por lista partidária, mas com a possibilidade do eleitor hierarquizar a ordem por que deseja que os membros da lista sejam eleitos. Melhor, nesse processo de hierarquização o eleitor pode personalizar as suas escolhas sem adoptar qualquer fidelidade partidária. O sistema mostra-se também amigável para com as candidaturas independentes (como se pode ler acima, há 20 deputados independentes eleitos). Com tantos predicados, o senão do sistema é, para que tudo isso seja possível, o processo de escrutínio é complicado e muito moroso. E, pelos padrões da comunicação social moderna, não se consegue gerir uma espectativa que se arraste assim por mais de dois dias - a não ser que se trate da eleição de um papa ou então da noite dos óscares. Com a sobreposição destes dois eventos (as eleições irlandesas e os óscares), quando terminar o escrutínio desconfio que já ninguém se lembrará onde foram as eleições.
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