09 fevereiro 2016

PASQUINISMO ON-LINE?


Em finais de Abril de 2014, João Alberto Correia, o director-geral da Direcção-Geral de Infraestruturas e Equipamentos (DGIE), organismo pertencente ao Ministério da Administração Interna, foi detido por suspeitas de corrupção. Como se lê acima, Miguel Macedo, o ministro, saiu em defesa da instituição: o seu prestígio não estava em causa. Não estaria, mas dois meses e meio depois, em Julho de 2014 e aproveitando quiçá a folga das atenções do Verão, a direcção foi extinta e o seu pessoal disperso... Para quem se mostre desconfiado quanto às intenções do ministro, acrescente-se que a história não acabou aqui porque, soube-se bastante mais tarde, a rede de corrupção envolveria conexões maçónicas e dali por quatro meses, em Novembro de 2014, o próprio ministro, que também teria os seus telhados de vidro, via-se atascado num outro escândalo paralelo, o dos vistos gold, e por isso forçado a pedir a demissão. Em comunicado de 16 de Novembro de 2014,  o PSD elogiou a dignidade de Miguel Macedo, recusando a comparação com outros ministros. De então para cá, e em paralelo com o escândalo da DGIE que já chegou à fase de julgamento, mas mais suculento que ele, considerada a projeção do envolvido, Miguel Macedo perdeu a imunidade parlamentar em Julho de 2015 (depois de um compasso de espera, que os desenvolvimentos posteriores iriam tornar ridículo), foi constituído arguido em Setembro e finalmente acusado de quatro crimes em Novembro passado.

Toda esta comprida história me ocorreu num relance (que demorou muito mais tempo ao leitor a lê-la), quando me deparei com uma preocupada notícia do Observador, quanto ao silêncio do PS sobre a investigação à vereação de Mesquita Machado, notícia que tinha dominado a actualidade no final da semana que findou. A associação fi-la porque ambos são bracarenses e consideraria natural que essa preocupação do jornal já se houvesse estendido previamente ao PSD que, depois das sábias palavras de José de Matos Correia de há quinze meses, nunca mais entendeu por bem pronunciar-se sobre o calvário em que entretanto se terá tornado a vida daquele seu destacado militante. E a questão é pertinente porque, ao contrário desta omissão recente do PS, que suponho ainda pudesse ser prematuro pressionar, a atitude dos últimos cinco meses do PSD teria sido bem mais merecedora da curiosidade preocupada do Observador... Isto para não mencionar a questão de como o PSD (não) se tem pronunciado institucionalmente a respeito doutros casos judiciais, como o de Duarte Lima ou o de Dias Loureiro...

Se calhar, apesar da pretensão, será ingenuidade minha a de exigir ao Observador mais do que um género de comportamento faccioso simétrico ao da Câmara Corporativa. Ou exigir de quem se pretende passar por um jornal on-line que seja mais do que uma fusão sofisticada das opiniões e insinuações d'O Impante, com o Inteligente, o Insolente e ainda o Imprecações...

2 comentários:

  1. A maior dificuldade em concordar é que ficamos sem nada para contra-argumentar. Claro que podemos sempre apontar uma determinada e persistente "fixação", observação que facilmente nos pode ser devolvida...

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  2. Coloquemos a questão assim: eu não leio blogues como a Câmara Corporativa, o Insurgente, o Blasfémias, etc. Estão vocacionados para a traulitada política, não precisam de ser rigorosos nem de se preocupar com a isenção. Achei que no Observador iam fazer o mesmo, só que com mais sofisticação. Tenho-me vindo a desiludir progressivamente.

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