15 fevereiro 2016

PEDRO (LA)PALISSE COELHO

Na política aparecem frases que suscitam a indignação de quem as lê mas que se descobre não terem passado de sínteses de cabeçalho deturpadoras do sentido da afirmação proferida. É o que pensei que podia ter acontecido quando se atribuiu ao ex-primeiro-ministro a garantia que até sair do governo o Banif estivera a dar lucro (abaixo, em cabeçalho do JN). É uma daquelas afirmações que pisa o risco da verdade: quem anunciara lucros acumulados de 16 milhões entre Janeiro e Junho de 2015 e depois apenas anuncia 6 milhões até Setembro, é porque perdeu 10 milhões no terceiro trimestre do ano... É aritmética. Mas, através dos préstimos da SIC Notícias, podemos tirar as dúvidas e ouvi-lo em discurso directo dizer que «(...) o banco, até (ele) sair do governo, não sofreu nenhuma degradação. O Banif estava a dar lucro. É sabido que o banco não tinha um comprador em mercado (...)».
Afinal o homem disse mesmo aquilo e aceitam-se as mais loucas especulações sobre as razões para a tal falta de compradores a que Passos Coelho se refere... Terá sido algo que não lhe despertou a curiosidade e é assim que ele pode (quer?) analisar o problema, como se observasse um paraquedista cujo paraquedas não abriu e cujos problemas só aparecerão à altitude de um centímetro, última fracção de segundo antes do embate com o solo. Dizendo-o sobretudo com um ar óbvio. Os soldados do senhor de La Palisse, que compuseram a canção que o tornou dos mais célebres marechais de França (mas não propriamente pelos seus feitos militares), não teriam descrito melhor a situação quando a rematavam dizendo que o seu senhor ainda estava vivo dois dias antes de morrer...

Hélas ! La Palice est mort
Il est mort devant Pavie
Hélas ! S'il n'était pas mort
Il serait encore en vie (bis)

Hélas ! Qu'il eut bien grand tort
De s'en aller à Pavie !
Hélas ! s'il ne fût point mort,
Il n'eût point perdu la vie (bis)

Il était fort bien vêtu
Son habit doublé de frise
Et quand il était tout nu
Il n'avait point de chemise (bis)

Deux jours avant de mourir
Ecrivait au roi son maître
Hélas, s'il n'eût point écrit
Le roi n'eût pas lu sa lettre (bis)

Il était très bon chrétien
Et vivait dans l'abstinence
Et quand il ne disait rien
Il observait le silence (bis)

Il est mort le vendredi
Passée la fleur de son âge ...
S'il fût mort le samedi
Il eût vécu davantage (bis)

Les médecins sont d'accord
Et toute la pharmacie
Que deux jours avant sa mort
Il était encore en vie (bis)

Que deux jours avant sa mort
Il était encore en vie (bis)

Que deux jours avant sa mort
Il était encore en vie (bis)

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