A expressão Reductio ad Hitlerum teve a sua consagração académica por ter sido cunhada pelo filósofo Leo Strauss na década de 1950. Mas tornou-se corrente quando ressurgiu mais recentemente com as discussões na internet e a formulação de um corolário (a Lei de Goodwin) que estabelece que à medida que se desenvolve uma discussão on-line, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Hitler ou o nazismo tende para 1. É inspirado nessa relação que gostaria de, pretensiosamente, apresentar um corolário rival (a Lei de Teixeira) que estabelece que uma discussão on-line sobre qualquer acontecimento histórico recente nunca se pode dar por verdadeiramente encerrada até que apareça alguém com o argumento da interferência dos extraterrestres. É o que se pode designar, parodiando-a e por analogia com a supracitada, pela argumentação ad Ovnium.
Ter mais um episódio da teoria da interferência extraterrestre a ser apresentada por um antigo astronauta norte-americano dá-lhe um outro gabarito. É irrelevante mencionar que, com esse estatuto, há pelo menos 300 outros astronautas nos Estados Unidos, para além de um número igualmente importante de outras origens (predominando os russos/soviéticos) e que nessas várias centenas dificilmente encontraremos uma dúzia que concorde com as opiniões de Edgar Mitchell. Tão pouco interessa que Mitchell não se refira a nada nem a ninguém em concreto: ele nunca viu pessoalmente os episódios que sustentam a sua opinião, só deles ouviu falar, a quem, não os identifica para que o corroborem. Muito menos relevante que, aparentemente, os extraterrestres nos adorem visitar durante as férias de Verão de Julho e Agosto, a atender pela atenção que lhes é dedicada tradicionalmente nesses meses pela comunicação social.
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