Berlim, Março de 1933. Os Nazis acabam de alcançar o poder e uma vitória eleitoral retumbante (mas sem maioria absoluta – 44%) nas eleições que tiveram lugar a 5 desse mês. A inércia, porém, ainda faz do partido um organização de contestação e de combate nas ruas, numa militância descoordenada. Estes militantes, que cantando hinos à porta do estabelecimento comercial acabam por o boicotar, são disso um exemplo. No letreiro por cima da entrada lê-se F. W. Woolworth Co. G.m.b.H. Estas quatro últimas letras são o equivalente alemão à nossa designação Lda., mas o resto é a designação de uma cadeia de lojas de retalho de origem norte-americana fundada em 1879 pelo milionário Frank Winfield Woolworth e que se expandira para a Alemanha. Haverá na atitude dos militantes um retoque de nacionalismo xenófobo que se torna inconveniente agora que os nazis passaram a ser responsáveis pelas relações exteriores da Alemanha - nomeadamente com os Estados Unidos... Esta mesma cena tornar-se-á impossível de repetir dali por uns meses – embora continue a ser tolerada, senão mesmo incentivada, à frente de lojas que fossem detidas por judeus. Uma nota final, responsável pelo título, é a diferença entre o militante mais à direita (de escuro) e os restantes: não aparece fardado nem enverga braçadeira e a sua postura é muito mais contraída, como se se tratasse de um transeunte desgarrado que foi cativado pela farra. Também por essa interpretação esta excelente fotografia – de que desconheço o autor – é uma sinistra demonstração da capacidade de arregimentação dos nazis nessa fase de ascensão do III Reich.
Onde estariam estes quatro (o primeiro e o terceiro a partir da esquerda tem um ar especialmente facinoroso) daí a doze e, se porventura vivos, que pensariam eles então?..
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