Há cem anos, a última quinzena da Primeira Guerra Mundial fora rica em
peripécias: depois de um intenso processo negocial, cujos contornos se poderão
deduzir consultando o mapa acima, a Itália deixara-se seduzir pelas ofertas
franco-britânicas e declarara guerra ao Império Austro-Húngaro a 23 de Maio de
1915. Mais do que propriamente surpreendidos pela traição italiana (havia uma
aliança formal entre alemães, austro-húngaros e italianos), os segundos foram
apanhados engajados noutras frentes (contra a Sérvia e contra a Rússia), antes
de poderem reposicionar o seu dispositivo de acordo com a que se acabara de
formar.
A superioridade inicial dos italianos era portanto substantiva (4 para 1)
quando desencadearam as suas primeiras ofensivas: a 9 de Junho de 1915 (fez
ontem cem anos) haviam conquistado Monfalcone, a primeira cidade (cerca
de 10.000 habitantes) austríaca, embora, como o nome sugere, habitada
predominantemente por italianos étnicos. Coubera aos Granadeiros Sardos a honra
de conquistar a Rocca (acima em fotografia de 1915), o castelo da cidade costeira situada para lá do Rio Isonzo. Significativo da falta de experiência e
de coordenação entre armas, cerca de ⅓ das baixas italianas haviam-se devido à
sua própria artilharia.
A conquista de Monfalcone fora um excelente feito de armas para
galvanizar a frente interna mas o ritmo da ofensiva não tardaria a esmorecer e
as variadíssimas carências do exército italiano não tardariam a evidenciar-se. Tanto
que apenas alguns dias depois (a 21 de Junho), um capitão se via obrigado a redigir
o seu relatório em papel surripiado nos escritórios de uma fiação de algodão em
território recém-conquistado.
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