A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa teve resultados líquidos
positivos de 4,9 milhões de euros, anunciou aqui há uns dias em conferência de imprensa Pedro Santana Lopes. Não me recordo de outra apresentação com enfâse semelhante
em algum dos anos anteriores após Pedro Santana Lopes ter assumido o
cargo de Provedor em Setembro de 2011. Mas aquilo que considero mais interessante
no relatório, e que porventura parece não ter sido explicado...
...pelo Provedor durante a sua apresentação, é o que é apresentado no relatório a partir da página 288 e seguintes (já nos anexos...), classificado como Alterações nas
Políticas Contabilísticas. O impacto de tais alterações terá sido repercutido
no exercício anterior (2013) e não no exercício ora apresentado (2014) mas,
mesmo assim, é possível quantificar essas repercussões na imagem contabilística
da instituição quando se comparam dois quadros que se apresentam mais abaixo.
A SCML reconhecera ter tido um lucro líquido de 1,1 milhões de euros no exercício
de 2013 quando da apresentação de contas do ano passado (no quadro abaixo),
agora reconhece que afinal terá tido naquele mesmo exercício um lucro
(reexpresso) algo superior: 9,6 milhões de euros, conforme se vê no quadro
seguinte, do relatório apresentado há dias. Não restam dúvidas que estes 8,5
milhões de diferença, mesmo retroactivos, transmitirão decerto uma outra imagem
da instituição.
O que é bizarro em tudo isto é eu não ter encontrado nenhum órgão de
informação que, noticiando a apresentação das contas, tivesse chamado a atenção
para esta subtil modificação do histórico financeiro da instituição. Decerto
que não haverá nada de ilegal no ajustamento que foi feito (as contas são
auditadas), mas politicamente o Provedor continua a ser Pedro Santana Lopes, um
ex-primeiro-ministro e presidente de Câmara reputado pela sua completa
indisciplina financeira.
Uma última nota adicional, que poderá desmentir coisas que se
escrevem por aí: em 2010, ainda sob o Provedor Rui Ferreira da Cunha (do PS), a
remuneração global dos 7 membros dos Órgãos Sociais totalizou 443 mil euros (p.
287 do Relatório e Contas desse ano), ou seja, uma média de 63,3 mil euros por cada
membro; em 2014, já sob Pedro Santana Lopes (PSD), a remuneração total dos 5 membros dos Órgãos Sociais desceu para 350 mil euros (p. 313), embora isso corresponda
a uma remuneração média superior, de 70 mil euros por cada membro (5 mil euros/mês). Mas, se se confirmar
que Santana Lopes não é remunerado pela função, conforme foi anunciado pelos jornais quando tomou posse, então esse valor médio corresponderá a 87,5 mil
euros por vogal, o que significará que a função (e pessoas como Fernando Paes Afonso ou Helena Lopes da Costa que aparecem na segunda fotografia deste poste a ladear Pedro Santana Lopes) terá recebido um aumento médio de 38% nestes
últimos 4 anos.
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