No seu filme Farenheit 9/11 Michael Moore consegue mais um daqueles seus momentos de grande efeito quando leva um sargento do recrutamento de voluntários para as imediações do Capitólio em Washington D.C. para persuadir alguns dos 535 congressistas que haviam votado maioritariamente em favor da invasão do Iraque a convencerem os seus filhos a apresentarem-se como voluntários para lá combaterem (acima, o trecho do filme). A contradição é tão antiga como a Guerra: quem decide desencadeá-la prefere que ela seja travada pelos filhos dos outros... Aquele caso não é excepção: Moore informa-nos que há apenas um congressista (em 535) que tem um filho colocado no Iraque…
O que para mim desqualifica Michael Moore é esta evidente ausência de sentido de equilíbrio. No meio de todas as suas críticas daquele filme não se dispõe a gastar ali alguns segundos para identificar o congressista, elogiando-o implicitamente. Muito possivelmente porque devia ser republicano… Porque são raros, é que estes casos merecem ser realçados. Um dos mais famosos, passado na Primeira Guerra Mundial, é o de Raymond Asquith (acima, 1878-1916), o filho mais velho do então Primeiro-Ministro britânico H.H. Asquith, que morreu em combate na Batalha do Somme. De notar que o Tenente Asquith recusara antes uma outra colocação como oficial do Estado-Maior numa outra unidade, longe das trincheiras…
Convém esclarecer que há esta outra maneira um pouco mais incómoda mas também mais inteligente dos filhos das elites se evadirem dos riscos da guerra. Consiste em mobilizá-los mas dando-lhes colocações longe de situações de perigo, como foram os casos dos dois filhos mais velhos (Eliott e James) do Presidente Franklin Roosevelt durante a Segunda Guerra Mundial, tornados adidos militares especiais. É o conhecimento destes expedientes que me faz menosprezar as declarações de Jaime Nogueira Pinto (acima) quando ele se ufana publicamente do facto de se ter apresentado como voluntário para ir para o Ultramar e depois descubro que o seu voluntarismo ideológico o levou a ser destacado para aquela terrível zona de operações do Uíge - aquartelado na capital Carmona... Deve ter um bocadinho mais confortável que as trincheiras...
Mas o caso mais peculiar de todos será possivelmente o de Estaline. Combina os dois extremos. O seu filho mais velho, o Tenente de Artilharia Yakov Djugashvili (1907-1943), foi aprisionado pelos alemães logo em 1941, no princípio da invasão alemã (acima). Mais tarde, os alemães tentaram trocá-lo pelo Marechal Friedrich Paulus, proposta que o pai recusou. Yakov veio a morrer na prisão em circunstâncias que ficarão por esclarecer. Este tratamento mais do que rigoroso contrasta com o que foi dado ao seu meio-irmão Vassili Djugashvili (1921-1962) que, aos 22 anos, já se tornara Coronel da Força Aérea, numa carreira tão meteórica que a revista Time ainda chegou a achar (abaixo) que era para levar politicamente a sério…
Convém esclarecer que há esta outra maneira um pouco mais incómoda mas também mais inteligente dos filhos das elites se evadirem dos riscos da guerra. Consiste em mobilizá-los mas dando-lhes colocações longe de situações de perigo, como foram os casos dos dois filhos mais velhos (Eliott e James) do Presidente Franklin Roosevelt durante a Segunda Guerra Mundial, tornados adidos militares especiais. É o conhecimento destes expedientes que me faz menosprezar as declarações de Jaime Nogueira Pinto (acima) quando ele se ufana publicamente do facto de se ter apresentado como voluntário para ir para o Ultramar e depois descubro que o seu voluntarismo ideológico o levou a ser destacado para aquela terrível zona de operações do Uíge - aquartelado na capital Carmona... Deve ter um bocadinho mais confortável que as trincheiras...
Mas o caso mais peculiar de todos será possivelmente o de Estaline. Combina os dois extremos. O seu filho mais velho, o Tenente de Artilharia Yakov Djugashvili (1907-1943), foi aprisionado pelos alemães logo em 1941, no princípio da invasão alemã (acima). Mais tarde, os alemães tentaram trocá-lo pelo Marechal Friedrich Paulus, proposta que o pai recusou. Yakov veio a morrer na prisão em circunstâncias que ficarão por esclarecer. Este tratamento mais do que rigoroso contrasta com o que foi dado ao seu meio-irmão Vassili Djugashvili (1921-1962) que, aos 22 anos, já se tornara Coronel da Força Aérea, numa carreira tão meteórica que a revista Time ainda chegou a achar (abaixo) que era para levar politicamente a sério…
Sem comentários:
Enviar um comentário