Actualmente, ainda é preciso possuir um certo grau de esclarecimento político para conseguir fazer a distinção histórica entre o que eram as fraquezas decadentes dos regimes fascistas e as pujanças de vanguarda dos regimes socialistas do terceiro quartel do Século XX. Pela clareza com que o fazem, pela ausência de hesitações nas classificações, os comunistas parecem ser aqueles que se mostram melhor habilitados a fazê-lo…
Assim, aquelas anedotas que aparecessem naquele tempo e que gozassem com o conteúdo trivial e a oratória desajeitada dos discursos do venerando Almirante Américo Tomás (acima em 1966, com 71 anos, quando discursava por ocasião da cerimónia inauguração da Ponte Salazar) eram consideradas progressistas: …esta é a primeira vez que venho a esta terra depois da última vez que cá estive, é uma famosa frase que se lhe atribui.
Todavia, as anedotas que pusessem em destaque uma falta de jeito muito semelhante por parte do camarada Secretário-Geral Leonid Brejnev (acima em 1980, com 73 anos durante a cerimónia de inauguração dos Jogos Olímpicos de Moscovo) eram indiscutivelmente reaccionárias: … Oh-Oh-Oh-Oh-Oh, terá proferido inicialmente Brejnev ao ler o cabeçalho do discurso, constituído pelos cinco anéis olímpicos, segundo rezava outra anedota.
Mas onde o socialismo podia mostrar toda a sua superioridade científica sobre o fascismo decadente não era nas anedotas nem na supressão de acontecimentos que não podiam ter existido (que a repressão e a censura equivaliam-se em qualquer dos dois regimes…), mas naqueles acontecimentos que, não tendo acontecido precisamente como desejado, passavam a acontecer de acordo com o devia ser, como aliás as fotografias comprovavam…
Quando, em Março de 1979, por ocasião de uma visita de estado do Presidente de França Valéry Giscard d´Estaing à Roménia, foi tirada a fotografia acima na cerimónia da chegada, ainda no aeroporto, o seu anfitrião, homólogo e Secretário-Geral do PCR, o famoso Nicolae Ceauşescu aparecia de chapéu na mão, enquanto Valéry Giscard d´Estaing mantinha o seu chapéu na cabeça. Ora isso foi considerado inconveniente…
Na fotografia principais dos jornais do dia seguinte a situação havia sido corrigida mas mal corrigida: se o chapéu de pele de Ceausescu regressara à sua cabeça, haviam-se esquecido de lhe retirar o outro que trazia na mão, o que fazia com que parecesse agora que Ceauşescu fora para a cerimónia com dois chapéus… Isto é um exemplo concreto até onde o socialismo chegou mas um bom comunista esclarecer-vos-á que não é para ter piada...
Nestes tempos a fotografia tinha um cunho artesanal: os "retoques" eram feitos por artistas, que tinham que desenhar no negativo, o que não era fácil.
ResponderEliminarHoje, com a fotografia digital e os programas de computador, até é fácil "enfiar o barrete" ao mais esperto...
Mais dificil teria sido implantar outra cabeça ao biltre do "Conducator".
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