
A Batalha de Verdun foi um episódio da Primeira Guerra Mundial, uma Batalha que se travou nos arredores e pela conquista da
cidade francesa do mesmo nome (acima em 1915) nos dez meses que medeiam entre Fevereiro e Dezembro de 1916. Apesar da Guerra ter sido mundial, a Batalha de Verdun foi travada apenas entre franceses e alemães e permaneceu desde aí uma espécie de questão
privada entre os dois países
¹. Foi uma batalha em que os dois lados se empenharam com uma determinação, uma raiva instintiva e uma capacidade de sofrimento que normalmente só se costumam encontrar nas guerras civis
².

É assim que
o mote Não Passarão teve em Verdun a sua primeira aparição, 20 anos antes do seu emprego mais conhecido durante a Guerra Civil de Espanha (1936-39). E que aparece uma fotografia do instantâneo da morte de um soldado em acção (acima) como antepassada pioneira – e porventura mais legítima… – da mais famosa fotografia de Guerra do Século XX, de
Robert Capa, sobre o
Miliciano no momento da sua morte (abaixo), que foi obtida durante aquela outra Guerra Civil (1936) e que as investigações mais recentes cada vez apontam mais para que
tenha sido uma fotografia encenada…

Embora a fotografia de Capa seja indiscutivelmente muito melhor do ponto de vista estético, a de Verdun, que foi retirada de um filme, é muito mais rica em conteúdo. O soldado a ser atingido é aquele que aparece mais próximo da câmara, será o graduado que estaria a liderar o ataque e que, por isso mesmo, terá sido o primeiro escolhido para alvo pelos atiradores alemães, mostrando a realidade que o
comando heroíco pode não compensar. Ideologicamente, a Batalha de Verdun foi também
isso, o fim de um certo tipo de heroísmo romântico, o que se traduziu na evolução dos heróis que
produziu.
Assim, no princípio da batalha, ainda em Fevereiro de 1916, o promovido a herói era o Tenente-Coronel
Émile Driant (1855-1916), que morrera em combate à frente do seu Batalhão, um oficial que também era político e deputado e que podemos ver acima com os seus grandes bigodes e os seus braços cruzados, em pose desafiadora. Mas cinco meses transcorridos, em Junho de 1916, o herói do momento já era o
Comandante (Major) Sylvain Raynal (abaixo, 1867-1939) que, apesar deste seu aspecto de
tio bondoso, resistira até aos limites do possível depois de cercado em
Forte Vaux, antes de ter de se render aos alemães
³.

Mas as minhas fotografias favoritas são aquelas que combinam a mensagem deliberada do autor a aspectos corriqueiros que lhes dão toda uma outra humanidade. Na fotografia abaixo, também tirada em Verdun em 1916, a atenção principal de quem a tirou quer-nos concentrar nos cadáveres espalhados pela borda da estrada, especialmente no mais próximo, o que perdeu as duas pernas. Porém a riqueza humana da fotografia é o soldado do lado direito, de tronco inclinado, com os braços esticados à sua frente e um olhar embaraçado para a câmara, numa postura de alguém apanhado a apertar/desapertar a braguilha…
Me interesso por assuntos militares, meus preferidos são os da WWII. Curiosamente, pesquisando sobre o ás alemão Werner Voss da WWI, cheguei ao seu site. Parabéns.
ResponderEliminarExistem alguns filmes sobre esta batalha?
ResponderEliminarEmbora a fotografia (...) de Verdun, que foi retirada de um filme,...
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