A memória tem destas coisas e estes casos recentes do encobrimento dos casos de pedofilia por parte dos responsáveis hierárquicos da Igreja Católica levaram-me até um Atlas antigo (1978) que ainda conservo cá em casa e às páginas que ele dedicava à distribuição das principais religiões pelo Mundo (abaixo), cobrindo cada país e região com uma cor e um símbolo diferente conforme a religião que ali fosse predominante. É claro que o Atlas está ultrapassado em quase todos os temas que aborda, mas neste das religiões mantêm-se, apesar de alguns aspectos de pormenor, aceitavelmente actual.
É evidente que se torna hoje uma curiosidade como então se marcava com uma estrela vermelha as regiões sob domínio comunista (abaixo) que interferiam com a liberdade religiosa... Afinal, estava-se em plena Guerra-Fria e convém esclarecer que o Atlas fora editado pela Reader´s Digest, uma das editoras dedicada à propaganda dos Estados Unidos… Mas o que me fez lembrá-lo foi o recurso a uma cor neutral para destacar aqueles países e regiões onde houvesse um equilíbrio entre o número de católicos e de protestantes – mais abaixo pode ler-se a legenda explicativa incluída no próprio mapa do Atlas.
É curiosa a coincidência de que os primeiros casos recém-noticiados de encobrimento se terem dado precisamente nas regiões assinaladas com essa cor neutra tanto na Europa como na América do Norte… Fosse no Nordeste e Sudoeste dos Estados Unidos; fosse na Alemanha, Áustria, Holanda e Irlanda no Velho Continente, tudo regiões que foram outrora frentes de combate entre a Reforma protestante e a Contra-Reforma católica do Século XVI. É uma daquelas coincidências que, para além do reconhecimento da justiça das denúncias e da indignação pelos encobrimentos, siponho prestar-se a algumas questões:
É curiosa a coincidência de que os primeiros casos recém-noticiados de encobrimento se terem dado precisamente nas regiões assinaladas com essa cor neutra tanto na Europa como na América do Norte… Fosse no Nordeste e Sudoeste dos Estados Unidos; fosse na Alemanha, Áustria, Holanda e Irlanda no Velho Continente, tudo regiões que foram outrora frentes de combate entre a Reforma protestante e a Contra-Reforma católica do Século XVI. É uma daquelas coincidências que, para além do reconhecimento da justiça das denúncias e da indignação pelos encobrimentos, siponho prestar-se a algumas questões:
É verosímil que tenham sido só nesses países e regiões que a hierarquia católica tenha encoberto os actos de pedofilia praticados pelos seus sacerdotes? Não se passará o mesmo noutros países? É verosímil que nesses países só tenha sido a hierarquia católica a encobrir os actos de pedofilia praticados pelos seus sacerdotes? Não se passará o mesmo com as hierarquias das outras confissões? É que vale a pena dizer que a causa da exposição do encobrimento dos actos de pedofilia é uma coisa muito séria, mas esta selectividade dos casos publicitados faz-me duvidar fundadamente do valor facial das motivações de quem a estará a promover…
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