
O pintor francês
Eugène Delacroix (1798-1863) pintou a sua famosa tela
A Liberdade dirigindo o Povo em, e a propósito da
Revolução de, 1830. A
Liberdade, personalizada na figura de
Marianne,
a alegoria da República Francesa, dirige aquilo que parece ser o assalto dos revoltosos de peito literalmente nu e descalça, enquanto segura a bandeira tricolor na mão direita e uma espingarda na esquerda.
Por causa daquele quadro, a presença de mulheres na vanguarda das revoluções tornou-se um tema recorrente entre os revolucionários inspirados pelos ideais vindos de França. Na
Revolução republicana portuguesa de 5 de Outubro de 1910 por exemplo, podemos ver uma fotografia com a
vivandeira¹ Amélia Santos a ser
o centro das atenções numa das barricadas erigidas pelos revoltosos.

Mas, com os franceses tradicionalmente desinteressados com aquilo que acontece em Portugal, a outra grande imagem que eles passaram a associar entre
Marianne e uma revolução foi uma fotografia tirada em Maio de 1968, por ocasião dos
acontecimentos de França. Trata-se de uma fotografia com detalhes interessantes: por exemplo, a protagonista,
Caroline de Bandern, era… inglesa
².
Na fotografia, o que domina é a expressão esfíngica e triste da
Marianne, sentada aos ombros de um amigo, que parece pairar sobre um
rés-do-chão popular composto de punhos cerrados, expressões militantes e palavras de ordem. Mas a bandeira de
Marianne (da
FLN do Vietname do Sul) nem era dela, mas do amigo que a tinha deixado subir às suas cavalitas, por causa dos pés doridos...
¹ Palavra adaptada do francês vivandière. Mulher que vende mantimentos às tropas. ² Como Daniel Cohn-Bendit era alemão.
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