Eu considero que esta campanha não tem estado a ser nenhum«a lufada de ar fresco», como a classifica Manuel Carvalho no seu editorial de hoje no Público (acima, canto superior direito). Eu analiso a situação de outra maneira: é que, devido às circunstâncias, o esforço dos partidos se tem aplicado nas formas de promoção intermediadas pela comunicação social e descurou as outras. Repare-se como, para além do desaparecimento (natural) das acções de campanha presenciais, até a própria publicidade em outdoors está a ser muito mais reduzida, quando em comparação com campanhas anteriores. Desconfio que deve ser por causa desta proeminência da comunicação social na promoção politica que Manuel Carvalho se mostra tão contente e elogioso. E com ele, desconfio que a alegria se deve espalhar a toda uma fauna que se especializou no opinionismo político (também acima, aparecem referências a alguns desses exemplares). Eu não preciso, eu não pedi, qualquer tipo de ajuda para que me explicassem o que aconteceu durante o debate, muito menos a opinião deles sobre quem o ganhou e quem o perdeu, mas a fauna dá-as (às opiniões) na mesma. Lamento, mas não há qualquer «ar fresco» e eu continuo a ver a mesma menorização do espectador, só que agora ele está dispensado - excepcionalmente! - de ver nas televisões as tradicionais imagens enfadadas das arruadas. Agora parece que se tem de apelar ao lado mais intelectual do espectador. O João Miguel Tavares pode estar optimista sobre o novo discurso dos políticos em 2022, mas eu continuo a pensar que o discurso nem é novo, nem eu passei a ser consumidor das opiniões alheias sobre o que se passou à minha frente, ainda que em televisão. Quanto à profundidade das análises que por aí grassam, deixo um exemplo apenas: no debate entre Catarina Martins (BE) e Inês Sousa Real (PAN), alguém, entre os comentadores políticos, se atreveu a ventilar depois aquilo que constava em surdina ainda há dois meses, que partira do Bloco a iniciativa de pôr cá fora o escândalo das estufas da porta-voz do PAN? Não, ninguém. Se calhar, terei sido mal informado. Mas, mesmo não tendo sido o Bloco, decerto que a tal história das estufas não apareceu por investigação dos jornalistas. Porque não se prestam a isso (investigar) e porque não me interessa o que eles preferem fazer (opinar), este último vídeo é-lhes dedicado: a eles e às suas opiniões.
Adenda de dia 15. Nem de propósito e ainda a pretexto de saber quem andará a alimentar uma campanha de informação negativa tendo por alvo o PAN, apreciem mais este recente escândalo que encontrei no jornal Novo: “Perseguição e controlo”: PAN acusado de assédio moral e laboral E ninguém nas redacções dos jornais parece saber nada sobre as origens de tanta má-lingua súbita a respeito sempre do mesmo partido...
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