28 de Janeiro de 1982. O desfecho desta tentativa acima - como se percebe, gorada - de bater um daqueles recordes do Guiness - no caso, de dança - diz-nos imenso sobre as virtudes e defeitos da nossa sociedade. O empenho e a dedicação em lugar de destaque. Mas acompanhadas da maior negligência nos cuidados relativos à organização. No caso, só depois de todo o esforço despendido pelo concorrente António Gomes a dançar por mais de 100 horas, é que alguém com uma compreensão mínima de inglês terá dado uma vista de olhos ao regulamento dos recordes daquele livro, para só aí descobrir que o objectivo fora mal definido (havia várias categorias de dança e o record que se usara como referência já fora entretanto batido) e quais eram as regras de descanso (mais restritivas do que as que haviam sido praticadas pelo concorrente). Todo o esforço deste fora, desde o princípio, para nada. Porém, se atentarmos no conteúdo da notícia, toda esta incompetência é noticiada com uma condescendência impressionante, como se a (péssima) organização da tentativa fosse um detalhe. Parece ser uma questão cultural inerente à própria condição de se ser português: é desaconselhado criticar a estupidez quando ela é bem intencionada. A única situação em que podemos ver a comunicação social portuguesa a criticar e pedir satisfações por causa de exemplos de incompetência é aos treinadores de futebol - e aí é um excesso para o outro lado...
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