27 de Janeiro de 1981. Com o destaque que a imagem acima documenta, o Diário de Lisboa dava conta aos seus leitores do teor de um comunicado apresentado por uma organização política recém criada que dava pelo nome de «Força de Unidade Popular» cuja «imagem de marca» era a exibição da cara de Otelo. O conteúdo da mensagem não surpreendia - a conversa de palha do costume - mas, para quem pensasse as razões para tanto destaque, impunha-se a pergunta: que critérios de relevância jornalística sustentariam a inclusão e, sobretudo, o relevo noticioso dado ao acontecimento?... Porque a FUP não ficou propriamente para a História, uma consulta à página respectiva da wikipédia recorda-nos que a organização havia sido fundada em Março de 1980 a partir de uma «ideia lançada pelo major Otelo Saraiva de Carvalho» depois concretizada «através de um acordo constitutivo subscrito pelo mesmo e por representantes do MES, OUT, PCP (ml), PC(R), PRP-BR, UC (Unidade Comunista - wtf?), UDP e ainda quatro independentes». «Nunca chegou a ir a votos», o mais próximo que esteve disso foi o apoio incondicional à candidatura presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho nas eleições presidenciais de Dezembro de 1980 (portanto, no mês anterior à publicação desta notícia). Otelo recolheu nessas eleições 85.896 votos, correspondentes a 1,5%. Para comparação, esse resultado ter-lhe-ia assegurado o último lugar, atrás de Vitorino Silva, nas eleições deste Domingo que passou... E, no entanto, nem mesmo perante esse comprovado desinteresse popular, Otelo perdia a capacidade de acesso e promoção à comunicação social, tal qual hoje acontece também com Pedro Santana Lopes, que soma desaires eleitorais e nem por isso desaparece dos jornais e da televisão. Cada época com seu «ídolo», mas nos seus estilos superficiais, afinal tão semelhantes, fica a dificuldade de destrinçar se era Otelo que era um Pedro Santana Lopes fardado, ou se afinal é Pedro Santana Lopes que é um Otelo em "casual-chic"...
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