Acima temos um excelente exemplo do que é ter-se boa imprensa. 23 de Janeiro de 1971. Mesmo numa página bem interior da edição do Diário de Lisboa, e até depois das notícias da necrologia, dos falecimentos e dos sufrágios, uma pequena notícia dá nota que o ministro da Eduacação Nacional (Veiga Simão) revogara um despacho anterior do subsecretário de Estado da mesma pasta que retirara a «autorização para ensinar» a um «finalista de Filosofia da Faculdade de Letras» chamado... Jaime Gama. Entre as múltiplas demonstrações de prepotência do regime visando obscuros cidadãos (e um «finalista de Filosofia» de 23 anos seria um exemplo canónico de um desses...), cidadãos esses sem capacidade de as contestar, este caso era revertido por decisão ministerial(!), quiçá pela fundamentação da reclamação apresentada pelo próprio, como pretende a notícia, quiçá pela desenvoltura de Jaime Gama em mover-se nestes meios, não viesse ele a receber anos depois de Mário Soares a celebrada alcunha de «peixe de águas profundas». Nesta época, apenas um peixinho...
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