29 de Janeiro de 1991. Havia quase duas semanas que a ofensiva de bombardeamentos desencadeada a partir de 17 de Janeiro pela coligação liderada pelos Estados Unidos prosseguia, mas a verdade é que a Guerra do Golfo, por muito mediática que estivesse a ser, prosseguia só no ar. No mar e sobretudo em terra, não se anunciavam quaisquer movimentações da parte das tropas aliadas para desalojar o exército iraquiano que invadira e se instalara em território do Koweit, que era afinal, o propósito último daquela guerra. Eis senão quando, nesta guerra que se travava também para proveito das audiências, os iraquianos saem da defensiva e desencadeiam um ataque sobre a cidade fronteiriça saudita de Khafji. Foi uma manobra audaciosa e com que os adversários não contavam. Num dia, a cidade foi conquistada pelos iraquianos, mas a conquista era inconsequente do ponto de vista militar: nos dois dias seguintes, a cidade foi retomada, tendo a coligação tido o cuidado de atribuir os louros da reconquista a unidades militares sauditas e qataris. Objectivamente foi um pequeno recontro de três dias, com o nome pomposo de batalha, mas com as baixas pessoais a rondar as poucas centenas (se tanto) em qualquer dos lados. E no entanto, tornou-se um bom pretexto para, nas semanas que se seguiram, haver uma romaria de equipas de televisão na cidade para filmarem os estragos dos combates. A RTP também teve a sua oportunidade (abaixo), naquela ocasião abrilhantada pela apresentação - o drama, a tragédia, o horror! - de Artur Albarran.
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