03 janeiro 2021

OS VELHOS OPINADORES

António Barreto, à esquerda no Público, e Henrique Neto, à direita n'O Diabo. Uma página inteira de um jornal de fim de semana dedicadas aos seus pensamentos. Um tem 78 anos, o outro 84. São ambos antigos militantes do PS, reputados pelos seus desalinhamentos com as sucessivas direcções do partido enquanto lá estiveram. Mostrando-se muito ciosos das suas ideias e progressivamente derivando para um congénito conservadorismo. As suas ideias recolhem hoje muito mais simpatias à direita que à esquerda. Ideias essas que são mais abstractas no caso de Barreto, e aparentemente mais concretas no caso de Neto. Contudo e formalmente, Barreto tem muito mais jeito para as explanar: por isso a sua página é no Público, enquanto Neto está remetido para o marginal O Diabo. Em contrapartida, Neto teve a coragem de se apresentar, e ás suas ideias, a sufrágio, nas presidenciais de 2016, gesto que Barreto nunca teve. Nessas eleições, Henrique Neto recolheu 39.000 votos, incluindo o meu. Mas, apesar da simpatia, há que admitir que estas pessoas também têm que saber quando sair de cena. Quando o li este fim de semana, a Henrique Neto, aos 84 anos, a propor (mais) um Roteiro para uma década de progresso (pressuponho que seja a de 2021-30), reaquecendo no micro-ondas fórmulas e receitas que já foram sufragadas (e rejeitadas e hoje provavelmente ultrapassadas), tudo aquilo deu-me imensa pena. Estes velhos opinadores deveriam talvez preparar, e para si, não para o país, um roteiro para uma digna e discreta saída de cena mediática, em vez de andarem a regressar sempre os mesmos assuntos sem nada de novo a acrescentar, apenas para lhes satisfazer os seus egos e preencher espaço mediático - não sei é se estes últimos, os media, estão interessados nisso.

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