15 de Novembro de 1979. O PRP (Partido Revolucionário do Proletariado) executa um dos seus membros por causas que a notícia apenas deixa à especulação. (Uma especulação potenciada pela identificação da vítima na notícia como tesoureiro da organização). O que não era especulativo era a forma como os operacionais (revolucionários proletários) haviam abatido a vítima, com um processo de execução que não se distinguia de modo nenhum de um ajuste de contas entre mafiosos: três tiros a pouca distância. Só que, ao contrário do que costuma acontecer com as execuções entre mafiosos, no caso do ex-tesoureiro do PRP nem uma só fotografia do assassinato aparecia no jornal*... O assassinato foi um assunto rápida e activamente esquecido, suplantado no interesse jornalístico pela campanha eleitoral que começara. Passaram-se entretanto quarenta anos e deve ser por isso que Isabel do Carmo, dirigente carismática e de topo do Partido Revolucionário do Proletariado - Brigadas Revolucionárias e que naquela época estava justamente presa por terrorismo contra o Estado Democrático, anda extremamente esquecida destas características mafiosas dos membros do partido (chamemos-lhe assim...) e das brigadas que dirigiu. É pacífico reconhecer agora que foi uma péssima ideia ir recrutar a ralé para fazer a revolução. Mas os jornalistas de agora também são culpados de a entrevistarem sem esclarecerem o assunto, deixando-a esquecer-se desses pormenores. Ela não pôs a hipótese de matar ninguém, mas houve quem pusesse mais do que a hipótese por ela.
* Pode-se estabelecer um contraste directo entre esta cobertura e a que o mesmo Diário de Lisboa havia dado três meses antes a um outro ajuste de contas mafioso, só que aí entre operacionais do MDLP de extrema direita, outro clã de escroques. O jornal deu-lhe um título muito mais destacado, muito mais desenvolvimento da notícia, que se prolongou até pela edição do dia seguinte, com fotografias, etc.
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