Os obituários têm destas coisas. Há aqueles de pessoas que gostaríamos de ter sabido na ocasião que haviam falecido e nos escapam, como foi o caso do campeão francês de ciclismo Raymond Poulidor (acima, à direita), ídolo da modalidade nas décadas de 60 e 70, e que só hoje me apercebi que falecera no dia 13 deste mês. E depois há aqueles obituários em que tropeçamos, de pessoas que não fazemos a mínima ideia de quem foram ou, pior, até fazemos, como foi o caso de Luís de Barros, um antigo director do Diário de Notícias durante o período do PREC, quando aquele jornal ganhou a alcunha - a meu ver, merecida - de Pravda português, tal o escrupuloso alinhamento com as directivas emanadas do PCP (abaixo). Ao contrário de Raymond Poulidor, e talvez por um ser francês e outro português, Luís de Barros morreu ontem e ficou logo a saber-se disso. Mas pode estabelecer-se outro engraçado contraste entre os dois recém-falecidos: Raymond Poulidor foi um campeão de ciclismo que alcançou uma espécie de fama paralela por nunca ter ganho as grandes competições da modalidade - Poulidor foi «o eterno segundo»; Luís de Barros foi o director de uma publicação centenária (1864) que se tornou num jornal de facção sobre a sua direcção, durante o PREC, mas a quem ninguém responsabiliza por isso, porque tudo o que então aconteceu ao e no jornal costuma ser assacado ao seu adjunto, o muito mais mediático José Saramago - Barros foi um «primeiro que não estava lá a fazer nada».
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