19 de Novembro de 1919. Por uma primeira vez o Tratado de Versailles é discutido no Senado dos Estados Unidos. O Senado (96 membros) possuía uma maioria republicana (enquanto o presidente Woodrow Wilson era democrata) e os senadores distribuíam-se, grosso modo, por três grupos: os que estavam dispostos a ratificar o Tratado (quase todos democratas e sintonizados com o presidente), os denominados irreconciliáveis (sobretudo republicanos mas também alguns democratas do Sul), que nunca votariam favoravelmente a sua ratificação, e os reservacionistas moderados (todos republicanos), um bloco pequeno (9 senadores) mas influente, que se dispunham a vir a ratificar o Tratado de Versailles desde que a adesão norte-americana contivesse algumas cláusulas de reserva. Aquela ratificação iria necessitar de um consenso, já que precisaria de uma maioria qualificada de ⅔ (64 senadores), só que Woodrow Wilson, que participara pessoalmente em Paris em muitos aspectos da elaboração do Tratado, mostrava-se indisponível para contemporizar com a facção dos reservacionistas, encabeçada pelo decano do Senado, o senador Henry Cabot Lodge do Massachusetts. Foi a proposta deste último, contendo quatorze reservas ao Tratado de Versailles que foi votada, e que foi derrotada há cem anos, pela oposição combinada dos democratas alinhados com o presidente Wilson com os irreconciliáveis. Foi uma vitória pírrica do presidente. Preso à cama em consequência de uma apoplexia que o deixara paralisado do lado esquerdo, fica a dúvida se Woodrow Wilson estaria na posse inteira das suas faculdades quando se engajou neste enfrentamento político do qual não podia esperar resultados positivos. No final, os Estados Unidos não ratificaram o Tratado de Versailles, nem na versão linear desejada por Wilson, nem na versão com reservas apresentada por Lodge.
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