20 novembro 2019

QUANDO SE DÁ TEMPO AO TEMPO DAS NOTÍCIAS, ELAS TORNAM-SE NOUTRAS NOTÍCIAS

Há quinze anos lembro-me das críticas endereçadas a Pedro Santana Lopes por causa da sua decisão de domiciliar meia dúzia de secretarias de Estado em outras tantas capitais de distrito. Agora é a vez de António Costa fazer o mesmo com outras três secretarias de Estado. Muito provavelmente também esta decisão irá ser criticada mas não estou à espera de qualquer coerência entre críticos e apoiantes, entre o que eles disseram naquela altura e o que opinam agora, tanto mais que quinze anos é muito tempo e ninguém já se lembra de quem é que disse o quê e porquê. Num outro contexto, nove anos também são muito tempo. Foram os anos que o ministério público sueco demorou a investigar preliminarmente se as acusações de violação e agressão, que permitiram acossar Julian Assange a refugiar-se numa embaixada, teriam condições de vingar em tribunal. Afinal, parece que não. Mas, da próxima vez que se falar - justificadamente! - da morosidade da justiça portuguesa, ponha-se os olhos nesta justiça sueca, que é bem pior que a nossa. Sim, porque em comparação com as nossas dúvidas em saber se o primeiro-ministro Sá Carneiro morreu num acidente ou num atentado, eles exibem a proeza de saberem que o primeiro-ministro Olof Palme morreu assassinado; mas o que não fazem a mínima ideia é a razão e, sobretudo, quem foi o autor.

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