8 de Novembro de 1939. As notícias daquele dia (jornal da esquerda) eram dominadas pela iniciativa conjunta dos soberanos dos Países Baixos (Guilhermina) e Bélgica (Leopoldo III), num apelo à paz que era endereçado aos três países beligerantes: (por ordem alfabética) Alemanha, França e Reino Unido. (É espantoso lembrar que uma Guerra que virá a ser classificada de Mundial envolvia nessa altura tão poucos países...) Na própria página que a noticiava, um artigo ao lado perguntava cinicamente se «a iniciativa de Haia fo(ra) sugerida pelo (III) Reich ou pelo receio duma próxima ofensiva?» (desse mesmo Reich, subentenda-se) Todavia, a verdadeira notícia desse dia 8 de Novembro de 1939 ainda não acontecera quando o Diário de Lisboa chegara às bancas ao fim da tarde. Nessa noite, Adolf Hitler escapará a um bomba que fora colocada na cervejaria de Munique onde se celebrava o aniversário do seu putsch de 1923. A bomba causou 8 mortos e provocou 63 feridos, mas falhou o seu alvo (fotografia abaixo). A edição do dia seguinte do mesmo Diário de Lisboa esqueceu por completo o «ramo de oliveira» belga-holandês do dia anterior e concentrava toda a sua atenção em noticiar o atentado e especular sobre quem quisera assassinar Adolf Hitler. Continuando (ou retribuindo?) o cinismo do dia anterior, lia-se num subtítulo que «na Holanda ha(via) quem responsabiliz(ass)e a "Gestapo"». Hoje sabe-se quanto o gesto dos dois monarcas se viria a revelar inconsequente: ambos os países serão invadidos e ocupados pela Alemanha a partir de Maio de 1940.
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