3 de Novembro de 1969. Quase em cima do primeiro aniversário da sua eleição como presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon profere um discurso perante o país, que crescentemente o contesta, cobrando a sua promessa eleitoral de que encontraria «um fim honroso para a guerra no Vietname». Nesse discurso, Richard Nixon faz um apelo àquilo que designa pela «grande maioria silenciosa" dos americanos, que diferencia de uma minoria activa de contestatários que apenas pareciam predominar por se manifestarem exuberantemente. A iniciativa foi bem sucedida, a popularidade de Nixon subiu, mas, sobretudo, a noção da existência de um tal grupo sociológico, o emprego da expressão e o recurso ao apelo directo via TV a esse mesmo grupo, fizeram com que o expediente viesse a ser utilizado por políticos de todo o Mundo. Contudo, como uma das vantagens do conceito é que ela, a maioria, pode apenas existir na imaginação do apelante, uma das consequências é que o apelo pode redundar em nada de substantivo. Quase cinco anos depois, em Setembro de 1974, ouvimos a mesma expressão a ser usada em Portugal pelo então presidente António de Spínola, mas a iniciativa não teve o sucesso que tivera com Richard Nixon que, entretanto, caíra em desgraça perante a apatia da tal maioria silenciosa e se vira forçado a demitir-se da Casa Branca no mês anterior...
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