Sabe-se quanto os critérios editoriais que presidem à concepção das capas dos jornais desportivos em Portugal são bizarramente locais. Tanto, que esses critérios conseguem até surpreender os colegas de profissão, como aconteceu há pouco mais de um mês, quando na BBC se estranhou a arrumação que A Bola dera na sua capa aos jogos europeus disputados pelas equipas portuguesas na véspera: uma tareia de 5-0 dada pelo Porto aos campeões ingleses fora remetida para as bordas, enquanto o destaque ia, saboroso, para o fracasso do Sporting na mesma competição. Há que saber o que contenta um leitor típico daquele jornal! Ontem, não só A Bola, mas também as edições da manhã dos três canais informativos coincidiam no alinhamento/destaque que se pode ver abaixo. Tendo tanto Benfica quanto Sporting empatado os seus jogos, a precedência ia estranhamente para o do Sporting e não para o Benfica, campeão, líder da classificação e a quem o semidesaire se afiguraria mais gravoso porque disputara o jogo em casa. Quiçá o critério para tal arrumação da importância dos respectivos jogos reflectisse a máxima de que «pimenta, desde que seja no cu dos outros, é refresco». Uma coisa me parece inequívoca: tivesse o Benfica ganho o jogo como lhe competia, qualquer que fosse o desfecho do jogo do Sporting em Chaves, o alinhamento/destaque teria sido o inverso. Neste momento, com A Bola e os seus rivais a praticar jornalismo deste jaez, os jornais dos clubes são um desperdício de papel. Quanto aos alinhamentos daqueles jornais de hora a hora da SIC Notícias, da RTP3 ou da TVI 24, pena que não sirvam para forrar a caixa do gato...
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