Hoje de manhã deparo-me na programação da RTP 3 com a presença de Jaime Quesado em estúdio, a promover um livro, de cujo tema nem me quis inteirar. Para quem não o conheça, Jaime Quesado é um economista supostamente de renome, uma estrela secundária do firmamento mediático, que há coisa de um ano e meio (Agosto de 2015) ganhou uma reputação duvidosa quando viu exposto o seu processo inédito de produção científica, por cortesia das pesquisas de António Araújo do blogue Malomil. Assim como, complementando (mas também absolvendo a falta d)a verdade, há a pós-verdade, uma versão mais benigna do condenável plágio, será o auto-plágio na forma como é praticado por Jaime Quesado. Como explicou metodicamente António Araújo, Jaime Quesado repete-se também metodicamente - ipis verbis - com uns meses/anos de intervalo entre os textos, apostando na (falta de) memória de quem o lê. Se alguém ler o que escreve. Azar o dele, Quesado, a existência de um Araújo que o fez. Há ocasiões em que a repetição é apenas sintoma de preguiça intelectual, porque escreve escrupulosamente o mesmo acerca do mesmo, há outras ocasiões em que resulta ridículo, porque as suas opiniões escrupulosamente idênticas abrangem três países dificilmente mais distintos quanto Portugal, Singapura e o Japão. Sendo uma estrela (ainda que secundária) do firmamento mediático, o episódio deveria ter sido o equivalente à explosão de uma supernova de galhofa. Mas não foi e ei-lo, ressuscitado ao décimo sétimo mês conforme as escrituras, e se não apto para ascender ao céu, apetrechado para regressar à televisão. Fosse a televisão um meio interactivo e, mais do que provavelmente, mais do que justificadamente, Jaime Quesado seria confrontado por alguns espectadores com o seu faux pas, informando o resto da audiência do perfil da personagem. Assim como foi, e apesar de não ter assistido ao programa desde o início, tenho a certeza que esse assunto delicado nem sequer foi sugerido. Tanta se fala na informação tradicional da agressividade das redes sociais, porque não se deverá falar mais nas redes sociais da complacência da informação tradicional?
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