Parece-me detectar uma certa volúpia mediática na forma como se notícia o sucesso desta petição que foi lançada ontem no Reino Unido, demandando que a visita que Donald Trump venha a realizar ao Reino Unido proximamente, não seja qualificada de visita de estado. Foi uma grande ideia. Parece que, mais do que só os jornalistas, as pessoas gostaram. Quando a copiei do respectivo site, a meio da tarde, o número de assinaturas já ultrapassara em muito o milhão e o aumento do número de subscritores mostrava-se dinâmico. O que duvido é que a ideia venha a ser consequente - a não ser que o número de subscritores se multiplique por dez em relação aos números actuais...
Na verdade, não fora a piada de se tratar da pessoa de Donald Trump, que é por acaso o presidente dos Estados Unidos o que torna, por causa disso, o teor da solicitação um enorme embaraço público para o governo britânico (e outro para a administração norte-americana) e o episódio não passaria de uma prematura piada de carnaval. Haja quem se lembre de uma outra petição, lançada logo a seguir à realização do referendo que culminou com a vitória do Brexit, e que pedia a sua repetição, petição que acabou sustentada por 4.150.000 subscritores. Esta outra petição acabou sendo debatida nos Comuns com uma resposta do governo a dizer subentendidamente: Que disparate!
Também aqui, passado os três dias de cobertura mediática, a iniciativa também se arrisca a passar ao merecido esquecimento com uma descompostura governamental, não se dê o caso de que o visado, Donald Trump, que já terá dado mostras de conferir uma importância despropositada a estes fait-divers, não se disponha a esquecer a humilhação.
Nota: Anexo ao site da petição, existe um mapa que está a fazer uma interessante alocação dos assinantes pelos seus círculos eleitorais, calculando a percentagem de subscritores em proporção ao número de eleitores registados em cada círculo. À escala nacional o resultado é irrisório: os subscritores representam um pouco menos de 3% dos 46,5 milhões de eleitores registados no Reino Unido. Mas há assimetrias significativas: há uma muito maior adesão (expectável) na Grande Londres e uma adesão fraquíssima no Ulster (Irlanda do Norte).
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