A Sound of Thunder é um conto de ficção científica de Ray Bradbury (1920-2012) que foi publicado originalmente em 1952. O seu tema são as consequências das viagens temporais ao passado. Não li o conto, mas conheço-o porque ele foi transformado num episódio de televisão que a RTP transmitiu já há muitos anos e que, curiosamente, até vim a descobrir no YouTube (abaixo). Mas, para quem não o queira ou não o possa acompanhar, eis um resumo:
No ano 2055 as viagens no tempo haviam-se banalizado e eram até exploradas comercialmente, vocacionadas para o segmento dos clientes ricos. A Time Safari Inc. era uma dessas agências de viagem que oferecia caçadas de espécies exóticas e extintas, como era o caso clássico dos dinossauros. Um caçador chamado Eckels juntou-se a uma dessas expedições composta por um guia (Travis) e um assistente e mais dois outros caçadores para caçarem os afamados Tyrannosaurus Rex. Enquanto os cinco aguardavam pela viagem que os levaria para dezenas de milhões de anos no passado, para o período Cretáceo, comentava-se a recente eleição presidencial onde, para satisfação e alívio dos presentes, vencera o candidato moderado Keith, que se opunha a um candidato de tendências fascistoides chamado Deutscher. Ao chegarem ao terreno de caça, os turistas receberam formação sobre como proceder: era imperativo que as alterações que se provocassem durante a caçada fossem mínimas, porque as consequências do que fizesse de errado podia ter implicações imprevisíveis para o futuro. Seria por isso que eles teriam que se deslocar sobre uma passadeira que levitava para não afectar o ambiente e que o animal a abater havia sido previamente seleccionado, pois estaria a segundos de uma outra morte natural. E é claro que Eckels, o turista, perdeu o auto-controle à vista do colossal Tyrannosaurus, desatou a correr, saltando para fora da passadeira, apesar de todas as proibições. Furioso, depois de o ir buscar, Travis obrigou-o a ir extrair as balas que haviam abatido o animal pois, obrigatoriamente, nada podia ser deixado para trás. Ao regressarem ao presente, os membros do grupo depararam-se com mudanças em quem havia ficado: mudanças de atitude, de linguagem e, sobretudo, políticas - Deutscher, o fascista, era agora o presidente. A explicação estava na sola de uma das botas de Eckels: ao fugir e ao abandonar a passadeira que levitava pisara uma insignificante borboleta, cuja morte viera a alterar o futuro...
Afinal, não foi preciso chegar a 2055, porque em 2016, quarenta anos antes, os norte-americanos já elegeram um presidente daqueles que se adora detestar ainda antes de ele tomar posse. E, tomando em consideração que neste caso de 2016 o eleito foi Trump, quantos encarariam com a mesma moral de Bradbury a injustiça de ir ao passado transformar - ainda que involuntariamente - o presente?...
Afinal, não foi preciso chegar a 2055, porque em 2016, quarenta anos antes, os norte-americanos já elegeram um presidente daqueles que se adora detestar ainda antes de ele tomar posse. E, tomando em consideração que neste caso de 2016 o eleito foi Trump, quantos encarariam com a mesma moral de Bradbury a injustiça de ir ao passado transformar - ainda que involuntariamente - o presente?...
Sem comentários:
Enviar um comentário