Significativo e simbólico a meio do 4º congresso de jornalistas, este episódio envolvendo a notícia acima e o desmentido que encontrei publicado no facebook abaixo. Explique-se melhor a coisa: a notícia do Observador assenta na interpretação dada pela jornalista (terá sido mesmo ela?...) «a uma carta de cinco páginas» endereçada ao ministério público e que foi escrita... precisamente pelo (general) António Menezes que abaixo critica a interpretação e as conclusões no seu facebook. É curioso que, nem o autor, nem sobretudo a jornalista se refiram a qualquer tentativa de contacto desta última com o primeiro, para que os comentários do autor da carta a respeito do que ele próprio escreveu pudessem ser incluídos na notícia. Talvez, desconfia-se, porque com eles, a notícia deixasse de ser... notícia. De facto, esta interpretação mais picante do depoimento escrito parece mais ser oriunda do lado dos destinatários da missiva do que do lado dos seus autores. Fossem os tempos outros e a indignação de António Menezes esgotar-se-ia e dissipar-se-ia em telefonemas para a redacção deste e doutros jornais onde a mesma notícia foi publicada. A irritação e a frustração poder-se-ia consubstanciar até em acusações (não fundamentadas e ouvidas apenas pelos próximos) de que o episódio se poderia dever à revanche da procuradora Cândida Vilar por causa da sua atitude não muito deferente para com o poder judicial. Mas toda aquele (hipotético) dispêndio de energia teria ficado desconhecido da quase totalidade das pessoas. Hoje o facebook terá melhorado apenas marginalmente a situação. Entre o alcance de um jornal como o Observador e o facebook de um privado como António Menezes a assimetria ainda é enorme. Mas a verdade prosaica é que, apesar dessa desproporção, os jornalistas deixaram de ficar com a última palavra (escrita). E isso estará a ter um efeito arrasador na reputação da classe. Mas eu suponho que não é bem isso que os jornalistas estão a tratar no seu 4º congresso...
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