Apesar do resto da mensagem ser mais bombástica, a sua parte mais significativa é aquela expressão inicial de novo... Entre a utilização anterior e esta repetição que agora se lê acima, alguém (eu) explicou ao autor da mensagem, Marco Silva, a diferença entre Luís Represas, o intérprete da expressão sobre a qual ele faz o trocadilho (...e é amar-te assim, perdidamente...) e a sua verdadeira autora, Florbela Espanca. Presumo que a explicação tenha sido lida... e rejeitada. Subtilmente, da primeira vez para esta, haverá assim a alteração do paradigma da ignorância, desde a presumível ignorância primária sobre a identidade da autora do verso à ignorância estrutural sobre a quem se deve atribuir preferivelmente a autoria desse mesmo verso. Penso que será isto que José Pacheco Pereira designou, na sua última crónica, como a nova ignorância.
A ser essa ignorância nova e pelo que se vê, descubro ser um fenómeno mais social do que cultural. A ignorância é velha, a atitude nova. Nada tem a ver com o conhecimento propriamente dito, antes tem a ver com a modéstia de cada um reconhecer os limites dos seus próprios conhecimentos. Mas, para regressar ao caso concreto e à poesia, campo onde o comentador económico Marco Silva mostra não se sentir muito à vontade (embora saiba parafrasear Luís Represas...), vale a pena terminar o texto com uma outra adaptação, esta dos famosos versos finais do poema Liberdade de Fernando Pessoa:
E mais do que isto,
é Marco Silva,
que não sei se perceberá assim tanto de finanças,
mas que consta não possuir biblioteca
(e sobretudo tem vergonha de o confessar...)
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