Para quem andar atento aos problemas políticos da Saúde, já se deve ter apercebido da emergência do deputado Moisés Ferreira do Bloco de Esquerda, em vias de se tornar um enfant terrible sobre o assunto e que está em vias de se transformar numa espécie de gémeo Mortágua para os assuntos da Saúde. Já fazia falta. Assim como o grupo parlamentar do Bloco se sentiu órfão da argúcia para as finanças quando do abandono do parlamento em Outubro de 2012 por Francisco Louçã (forçando a entrada à martelada de Mariana Mortágua, vinda lá do enésimo lugar de candidata a deputada), o abandono de João Semedo também se tem vindo a fazer sentir. Não deixa de ser irónico, para quem ainda se lembra das intervenções de Semedo, ouvir este seu sucessor começar por manifestar as suas preocupações tendo agora como pretexto o Hospital Amadora-Sintra (vídeo abaixo), quando aquele mesmo Hospital era o alvo predilecto dos ataques de João Semedo quando ali vigorava uma parceria-público-privada (PPP). Os mesmos problemas do mesmo hospital, que antes eram inadmissíveis, passaram agora a ter justificação. Consistência é coisa que não abunda por aquela bancada, substituída por uma coerência maniqueísta - público bom/ privado mau - sejam quais forem os factos. Mas aquilo que mais me intriga nem sequer é isso: é a promoção inusitada que conseguiu levar Moisés Ferreira, até agora um desconhecido, a ter acesso destacado às páginas (electrónicas) do Observador, em réplica a um artigo do sempre selecto José Manuel Fernandes, que lhe conferiu até a honra de o distinguir com uma tréplica. E imagine-se: o texto de Moisés Ferreira é tão pobre em argumentos outros que não os ideológicos, que José Manuel Fernandes até tem razão!...
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